Hoje estive no Centro do Rio, mais especificamente naquela região que compreende a Cinelândia... e fiquei decepcionado com o que vi.
Como já é de hábito, o Rio recebe muitos turistas, nacionais e internacionais, principalmente nos finais de semana prolongados, como foi o caso.
Lamentavelmente eu não consegui definir se o maior número de pessoas pertencia aos visitantes ou aos mendigos, pedintes, viciados, ladrões e outros.
Em particular, fica impossível de aceitar esse tipo de coisa com naturalidade.
Não entendo como uma cidade com o potencial turístico do Rio de Janeiro, que além de uma beleza natural incomparável, possui uma arquitetura belíssima, assim como uma gente bonita e descontraída, beirando a exuberância, possa conviver com esse tipo de situação.
É vexatório para nós cariocas!
Tanto se fala em segurança pública, choque de ordem, pacificação e outras coisas do tipo! No entanto o que percebo é que a cada dia as ruas estão mais infestadas de "crackudos", cheiradores, maconheiros e ladrões. Praticamente não há uma praça no centro da cidade ou na zona sul que não seja ocupada por esses sub-extratos de gente.
Quando chego em outras cidades (seja dentro ou fora do Brasil) raramente me sinto menos seguro. Normalmente o turista é tratado com respeito, deferência e bons serviços. Aqui a coisa é diferente, ele já começa a ser acharcado na rodoviária ou no aeroporto.
Hoje me senti envergonhado!
Envergonhado de poder falar tão bem de tantos lugares que já visitei e ser incapaz de fazer o mesmo pela cidade que nasci, vivo e adoro.
Envergonhado por ouvir nossas autoridades convocarem o mundo para visitar o Rio sem a menor condição de dar-lhes um tratamento merecidamente seguro e respeitoso.
Envergonhado por perceber que o que mais está em jogo é o interesse político.
Envergonhado por não poder convidar alguém de fora para visitar a cidade, sem ficar com a sensação de mentira e bravata.
Enfim, envergonhado de ter uma das maravilhas do mundo sob o jugo de déspotas que só falam e olham para o próprio umbigo e que, a unica verdade que possuem é a capacidade de mentir.
A renúncia de um Papa está prevista e estabelece que para que seja válida é necessário que seja livre e especifica, que não precisa ser aceita por ninguém."Se o Romano pontífice renunciar a seu ofício, requer-se para a validade que a renúncia seja livre e se manifeste formalmente, mas que não seja aceita por ninguém", estabelece o cânone 332,2 do Código de Direito Canônico, único elemento válido para julgar o tema.
Mesmo sendo "legítima" a renuncia de um Papa, ao considerarmos que desde sempre aprendemos que este é o representante maior de Deus na terra (para alguns é o próprio) e que sua figura nasce a partir de um rito de passagem onde, hoje, a Mão Celestial, por meio dos Cardeais, se encarrega da sua escolha que, em tese, considera dentre outras coisas sacras, uma conduta ilibada e uma vida de total devoção a religião, e por isso, não podemos deixar de relacionar a sua desistência do cargo à negação de uma escolha Divina.
Ora, por mais que haja um documento que ratifique tal atitude, onde fica a vontade de Deus nesse ínterim? Quando da sua escolha não nos é passado que o escolhido é seu legítimo herdeiro e co-herdeiro de Cristo?
Se é assim, parece-me que esta é mais uma contradição da Igreja.
Ao meu ver, trata-se de uma situação de conveniência onde se afirma e se nega simultaneamente coisas que, por mais que se tente mostrar que são diferentes, na verdade são iguais.
Da mesma forma que o suicida atenta contra Deus, o Papa, ao renunciar, faz o mesmo, ainda que de outra maneira.
Assim, temos dois pesos e duas medidas que são relativamente simples de se entender. O suicida não representa nada além de si mesmo e por isso sua "punição" se torna simples e exemplar para os demais fiéis e, ao contrário do que se possa imaginar, fortalece ainda mais o poderio da Igreja na medida em que esta lhe impõe o castigo do abandono e da repulsa. Enquanto isso, a renúncia do Papa se constitui num imbróglio que teve como resolutividade a invenção de um código para justificar o injustificável ( pois como um documento escrito pelo homem pode mudar a escolha de Deus?). Mas foi necessário! Se assim não fosse, como a Igreja iria resolver tamanha mixórdia? Como ficaria sua "moral" diante do mundo?
O fato é que tanto o Papa como o suicida são pessoas, e enquanto tais, possuem o direito de fazer (ou desfazer) o que quiserem no que diz respeito as suas vidas. Se é que existe realmente o livre arbítrio, ele deverá valer para todos em qualquer condição ou cargo que ocupe.
Afinal, o Deus que habita o Papa é o mesmo Deus que habita a todos nós....ou não?