segunda-feira, 13 de agosto de 2012

L.A.P.A. O Filme

Para aqueles que imaginam que a força do movimento hip-hop nacional está enraizado somente em São Paulo,  vale a pena assistir a L.A.P.A, o Filme.
Posso lhes garantir que ocorrerão surpresas agradáveis por conta da bela abordagem do trabalho.
L.A.P.A. é um filme que mergulha sem filtros no universo do hip hop carioca, mas que não versa apenas sobre essa cena, sua jornada vai além das rimas dos MCs e traz para os espectadores o cotidiano de quem busca sobreviver no nosso país através da música. 
Transportando para a tela o outro lado do rap, os diretores de L.A.P.A. nos mostram que se à noite os MCs animam as rodas e batalhas de rap do internacional bairro carioca, durante o dia suas batalhas continuam em outros palcos, principalmente nos palcos da vida, onde, não raramente, lutam pela própria sobrevivência. 
Marcelo D2, BNegão, Black Alien, Chapadão, Funkero, Marechal, Aori, Iky, Macarrão e outros personagens da cena carioca cantam e contam suas histórias e levam a Lapa para além de suas fronteiras geográficas pois, o movimento abrange de Irajá a São Gonçalo e vai da memória clássica do bairro, com seus sambistas e boêmios, até as festas de rap como a Zoeira e as Batalhas do Real. 
Cada história pessoal cruza com a história do rap e do bairro, transformando o filme em um referencial para identificação dessa cultura no Rio de Janeiro. L.A.P.A. consegue ser um documento sobre essa cena musical e, em outra frente, constrói uma narrativa sobre a trajetória dos personagens que dele participam. 
L.A.P.A. não pretende contar a história do rap carioca, mas através de um recorte, mostrar uma realidade pouco percebida, no entanto, de grande importância para que a vive.  

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Celso Blues Boy - De Gênio a Mito.

Se o Blues é tido como um lamento em forma de música, agora, mais do nunca, essa premissa se faz verdadeira.
Ao nos rendermos a ícones do gênero que ainda estão por aí a todo vapor é extremamente desolador que tenhamos que conviver com o precoce falecimento de Celso Blues Boy, ocorrido nesta 2ª feira 06/08/2012, aos 56 anos.
O homem que ficou conhecido do grande público com o hit "Aumenta que isso aí é Rock and Roll" era muito mais do que isso.
Autor de belas canções como  "Amor Vazio, Blues Motel, Marginal, Brilho da Noite" e outras tantas,  conseguiu, sem se "prostituir" para a mídia, agregar uma legião de fãs que mal terminava um show, já ficava contando os dias para o outro.
Eu mesmo perdi a conta de quantas vezes fui ao Circo Voador, no Rio de Janeiro, para assistir suas apresentações. Ele foi o recordista naquele palco, pois, tocou lá nada menos que 104 vezes.
Desde os anos 1980, quando surgiu por meio de uma "fita demo" enviada e tocada pela primeira e única Rádio Verdadeiramente Alternativa do Brasil,  Fluminense FM (a maldita) que operava na frequência de 94,9 MHz, passou a ostentar o título de Bluesman, que o acompanharia durante toda a vida.
Seu estilo despojado se contrastava com a forma de tocar a guitarra, pois tinha um verdadeiro caso de amor com sua Fender Stratocaster. Seus solos umas vezes tristes, outras vezes irados, eram sempre regados de sutileza e sensibilidade. Sua voz rouca e inconfundível complementava o conjunto da obra.
Celso Blues Boy não foi só um músico, mas um desbravador, um resistente,  que era considerado por muitos como propagador de incorreções a partir de suas músicas, com letras fortes e polêmicas e do seu público formado principalmente por jovens que curtiam um modus vivendi alternativo.
Apesar de uma de suas belas letras dizer: "...as coisas são assim, pra que se lamentar, se dentro de nós sempre brilhará..." é difícil não sofrer com tamanha perda.
 Mas, se algo pode nos trazer um pouco de alento é o fato de sabermos que por mais doloroso que seja, perdemos um gênio, porém, para a eternidade, ganhamos um mito.

domingo, 5 de agosto de 2012

Dersu Uzala (1975 - Japão)

Dersu UzalaO capitão Vladimir Arseniev (Yuri Solomin) é enviado pelo governo soviético para explorar e reconhecer as montanhas da Mongólia, juntamente com uma pequena tropa. Em meio a expedição eles encontram Dersu Uzala (Maksim Munzuk), um caçador que vive apenas nas florestas. Percebendo que Dersu conhece bastante o local, o que pode facilitar o trabalho, o capitão lhe oferece que acompanhe a tropa até o término da missão. É o início de uma forte amizade entre o capitão e Dersu, que aos poucos demonstra suas habilidades.
Um filme que permite ao espectador identificar a melhor das essências do ser humano.
 explora de forma deslumbrante a possibilidade de demostrar que mesmo num ambiente inóspito, apesar da bela fotografia, é possivel que existam pessoas que se balizem pela ajuda ao próximo, produzindo ensinamentos e lições de vida que são de grande importância para todos nós, principalmente em tempos onde a relação interpessoal está se sobrepondo a amizade e ao companheirismo sincero.
Um clássico atemporal, uma lição de vida, enfim, uma obra de arte.