quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Celso Blues Boy - De Gênio a Mito.

Se o Blues é tido como um lamento em forma de música, agora, mais do nunca, essa premissa se faz verdadeira.
Ao nos rendermos a ícones do gênero que ainda estão por aí a todo vapor é extremamente desolador que tenhamos que conviver com o precoce falecimento de Celso Blues Boy, ocorrido nesta 2ª feira 06/08/2012, aos 56 anos.
O homem que ficou conhecido do grande público com o hit "Aumenta que isso aí é Rock and Roll" era muito mais do que isso.
Autor de belas canções como  "Amor Vazio, Blues Motel, Marginal, Brilho da Noite" e outras tantas,  conseguiu, sem se "prostituir" para a mídia, agregar uma legião de fãs que mal terminava um show, já ficava contando os dias para o outro.
Eu mesmo perdi a conta de quantas vezes fui ao Circo Voador, no Rio de Janeiro, para assistir suas apresentações. Ele foi o recordista naquele palco, pois, tocou lá nada menos que 104 vezes.
Desde os anos 1980, quando surgiu por meio de uma "fita demo" enviada e tocada pela primeira e única Rádio Verdadeiramente Alternativa do Brasil,  Fluminense FM (a maldita) que operava na frequência de 94,9 MHz, passou a ostentar o título de Bluesman, que o acompanharia durante toda a vida.
Seu estilo despojado se contrastava com a forma de tocar a guitarra, pois tinha um verdadeiro caso de amor com sua Fender Stratocaster. Seus solos umas vezes tristes, outras vezes irados, eram sempre regados de sutileza e sensibilidade. Sua voz rouca e inconfundível complementava o conjunto da obra.
Celso Blues Boy não foi só um músico, mas um desbravador, um resistente,  que era considerado por muitos como propagador de incorreções a partir de suas músicas, com letras fortes e polêmicas e do seu público formado principalmente por jovens que curtiam um modus vivendi alternativo.
Apesar de uma de suas belas letras dizer: "...as coisas são assim, pra que se lamentar, se dentro de nós sempre brilhará..." é difícil não sofrer com tamanha perda.
 Mas, se algo pode nos trazer um pouco de alento é o fato de sabermos que por mais doloroso que seja, perdemos um gênio, porém, para a eternidade, ganhamos um mito.

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