domingo, 5 de maio de 2013

SOMOS TÃO JOVENS (2011 - Brasil)


Brasília, 1973. Renato (Thiago Mendonça) acabou de se mudar com a família para a cidade, vindo do Rio de Janeiro. Na época ele sofria de uma doença óssea rara, a epifisiólise, que o deixou numa cadeira de rodas após passar por uma cirurgia. Obrigado a permanecer em casa, aos poucos ele passou a se interessar por música. Fã do Punk Rock, Renato começa a se envolver com o cenário musical de Brasília após melhorar dos problemas de saúde. É quando surge a ideia, a partir de suas audições sobre o que acontecia principalmente no cenário musical inglês, de fundar a banda Aborto Elétrico, que se tornaria, posteriormente, a semente germinadora da Legião Urbana.

Sem nenhum exagero, quando saí de casa para o cinema, sem mesmo ter lido a crítica, já sabia, praticamente, com o que iria me deparar, pois não havia como se retratar aquele momento de forma muito diferente.
O filme é bastante comportado, e procura demonstrar o surgimento do movimento Punk Rock Nacional de uma maneira tranquila, sem no entanto deixar a desejar no contexto. É claro que sabemos que outros acontecimentos ocorreram e coisas mais pesadas faziam parte do cotidiano, pois estávamos em plena Ditadura Militar. Entretanto devemos entender que a intenção do autor foi relatar o modo como se deu esse movimento cultural, que mudou os rumos da música brasileira.
SOMOS TÃO JOVENS conta a história da formação do Legião Urbana, mas que a reboque não tem como deixar de mencionar o também surgimento de bandas como Capital Inicial, Plebe Rude e Paralamas do Sucesso.
A sintonia dos fatos é o ponto alto do filme, não há lacunas, é completamente concatenado, o que faz com que, mesmo o menor conhecedor do enredo, acabe não se perdendo com a narrativa.
Belo, honesto, emocionante e com um elenco a altura na interpretação de figuras altamente conhecidas de todos nós como o Dinho (Capital Inicial), Herbert Vianna (Paralamas do Sucesso), toda a turma da Legião e outros.
Enfim, para quem se interessa minimamente pela história da música nacional, é um programa obrigatório.
Em tempo: Gostaria de mencionar para as pessoas que não viveram intensamente aquele momento, que esta obra trata das bandas que surgiram a partir do movimento underground de Brasília, no entanto, esse mesmo movimento ocorreu em todo o Brasil, claro que com características diferentes, mas com a mesma ideologia, variando, naturalmente, nas atitudes e nas características locais. 
E outro ponto significativo que merece destaque, é que tão importante para a época, assim como os que aparecem na tela, foram as bandas radicais extremistas que tocavam músicas mais "violentas" e tinham um propósito mais definido o que não as possibilitou a compra pela mídia (a não ser pela inédita "Fluminense FM"), e nesse ínterim podemos falar de Cólera, Replicantes, Detrito Federal, Inocentes, Água Brava, Dorsal Atlântica, Azul Limão, Picassos Falsos, Garotos Podres, Gueto, etc...
O fato é que a partir de agora temos mais um registro da história dos movimentos musicais no Brasil. Um bom filme, sem dúvida, mas diga-se de passagem, retrata somente o lado politicamente correto daquele que talvez tenha sido o momento de maior ebulição da música jovem nacional, sem entrar no mérito de comparações com movimentos distintos, os quais não vivenciei.
Para quem estava no auge da adolescência/juventude nos anos de 1980, como eu, assistir a SOMOS TÃO JOVENS se torna quase um dever.


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