domingo, 30 de junho de 2013

Lua de Fel (1992 - França)

Lua de FelUm casal de ingleses, Nigel (Hugh Grant) e Fiona (Kristin Scott Thomas), embarcam num cruzeiro marítimo onde conhecem a sensual Mimi (Emmanuelle Seigner), uma francesa casada com o americano Oscar (Peter Coyote), homem preso a uma cadeira de rodas. Ao notar o interesse que Nigel sente por Mimi, Oscar resolve contar sua história com ela, como se conheceram e se amaram loucamente até a paixão doentia se transformar em um ritual de humilhação.
Uma história de sedução, amor, sexo, traição e tragédia. Componentes que formam o ingrediente perfeito para este excelente filme, mais atual do que nunca.
Ao retratar a vida distinta de dois casais que pelo destino acabam  se encontrando, Roman Polanski consegue desenvolver uma trama cheia de surpresas e sensualidade que acaba por unir percepções aparentemente opostas sobre a (in)fidelidade conjugal.
Com uma forte dose de libertinagem, porém, sem partir para a vulgaridade, a obra nos remete a refletir sobre situações do cotidiano as quais, dificilmente, em algum momento deixamos de nos identificar, pois o enredo é super contemporâneo e os valores abordados em relação ao convívio a dois estão mais do que presentes, em maior ou menor grau, dentro de todos nós.

domingo, 23 de junho de 2013

Nos entendemos?

Realmente não há como deixar de se surpreender com as manifestações de rua ocorridas nos últimos dias. Parece-me que havia um sentimento de indignação recolhido, que buscava havia tempo, um motivo realmente forte para se exteriorizar, que, certamente, não foram os R$ 0,20 de aumento nas passagens de ônibus.
Como tenho dito em vários momentos, o Brasil, ao meu ver, vive uma crise de identidade que mais hora, menos hora, viria a tona, e veio.
Desde a transmissão do cargo de Presidente de FHC para Lula, pairava uma certa desconfiança no ar sobre o que poderia acontecer ao país. Naquele momento fiquei meio recluso, pois torcia para que tudo desse certo e fosse feito do jeito que o PT apregoava a pelo menos vinte anos, mas, logo nos primeiros meses a sensação de que as coisas não ocorreriam como previsto, começou a ficar mais forte.
Perdi a conta de quantos protestos participei em favor da democracia e moralização do país. Desde a mobilização pelas "diretas" que reuniu mais de um milhão de pessoas na Avenida Presidente Vargas até o "fora Collor", onde o destaque foram os "caras pintadas", sempre capitaneados pelo Partido dos Trabalhadores.
Fernando Collor caiu por meio do impeachment, assumiu seu vice Itamar Franco, que em banho-maria preparou o caminho para o lançamento da candidatura de seu então ministro da fazenda, Fernando Henrique Cardoso.
Por dez anos, tivemos no Brasil um governo neo-liberal, que para muitos significava a predominância do capitalismo sobre o tão cultuado socialismo que, segundo os mais radicais, acabaria por fim com a possibilidade de aproximação das classes sociais.
Naquele momento a dinâmica do PT se mostrava cada vez maior, apesar das sucessivas derrotas de Lula nas urnas, e começamos a perceber que apesar das forças antagônicas não tardaria muito para que a esquerda assumisse o país, dada a insatisfação popular.
O PT sempre foi tido como uma partido diferenciado, onde as palavras de ordem eram, ética na política, civismo, moral, amor a pátria e igualdade social. Isso, repetido ao longo dos anos, fez com que a sociedade mais esclarecida começasse a se render aos motes de mudança.
Nada mais coerente num país onde sempre houve o predomínio da burguesia, desde seu descobrimento, do que a ascensão política de uma pessoa do povo ao cargo mais alto de representante da nação.
Finalmente Lula foi eleito! A esperança se materializou e virou realidade.
Entretanto, passados os primeiros meses de euforia, comecei a perceber que as coisas não aconteciam como haviam sido ditas por longos anos.
O que se replicou durante ao menos duas décadas em relação a mudança que produziria um operário no poder, começou a virar frustração.
As evidências sobre demagogia, casuísmo, corporativismo, corrupção, paternalismo e controle da máquina estatal a todo custo, saim cada vez mais da esfera do pensamento para a prática do cotidiano.
O PT não tinha esse direito!
A sociedade que tanto relutou em colocá-lo no poder, mas acabou cedendo ao seu discurso de partido diferenciado foi descaradamente enganada e teve como triste surpresa o fato de descobrir que o Partido dos Trabalhadores em nada se destacava positivamente dos que estavam no poder anteriormente, ao contrário, chegava a ser pior, pois, se maquiou durante todo o tempo num discurso contrário a falta de transparência com que as coisas políticas eram feitas e, no entanto, conseguiu negativamente, superar todos os métodos empregados, exemplo maior disso foi o mensalão.
O que percebemos nos Governos Lula foi uma falácia tamanha em relação aos principais problemas do país ao mesmo tempo em que se elaboravam meios de transformar a classe mais rasa da sociedade em eternos dependentes dos programas governamentais, através das esmolas em forma de bolsas, o que os tornariam eleitores fiéis do partido, uma vez que não se cobra nenhum esforço para tais benesses, basta ser miserável, sem educação e sem oportunidade ou mesmo indisposição para o trabalho.
Na macro economia não há como negar que se o País conseguiu algum tipo de avanço, deu-se isso, principalmente, aos métodos empregados pelo governo FHC, que saiu daquela fórmula desgastada dos pacotões, que em nada resolviam o problema e partiu para uma alternativa arrojada, de verdadeiro controle da inflação, acabando com o efeito ilusório das indexações ou gatilhos salarias que só serviram para piorar cada vez mais a imagem do país no contexto internacional. Surgiu uma nova moeda, o Real, e ao que parece, veio para ficar. Por isso, dentre outras coisas, Lula deve muitos agradecimentos a Fernando Henrique Cardoso.
Quando eleita, pelas mãos já enlamaçadas do seu antecessor, Dilma Rousseff nada mais era do que uma tarefeira pragmática, mas, a essa altura dos acontecimentos, isso era o que menos importava, pois quem estava se elegendo na verdade era novamente seu mentor. Como se diz na Umbanda, Dilma era apenas o "cavalo", o corpo. A alma ou o espírito continuava a ser do Lula.
Mas, como sabemos, o maior ódio é aquele que nasce do amor.
Por mais que ainda seja refém dos "miseráveis", que servem de sustentáculo para a politicagem reinante neste país, a sociedade esclarecida cansou!
Cansou de por longos anos ouvir discursos que não condizem com a prática, cansou de ir as urnas na esperança de melhorar o país, cansou de ser usada para atingir objetivos eleitoreiros, cansou da mesmice que se repete nos políticos, enfim, cansou de ser enganada.
A onda de protestos que hoje vemos nas ruas, ao meu ver, nada mais reflete do que essa indignação que vinha sendo guardada e tolerada até agora, que culminou e se externou com a priorização dos gastos elevadíssimos para as realizações da Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas, em detrimento ao bem estar social.
Num país onde ainda temos quase 50% dos domicílios sem saneamento básico. Num país onde o serviço de saúde é precário e excludente mesmo para aqueles que tem condições de obter um plano e principalmente para a massa que fica entregue ao serviço público. Num país onde a educação nunca foi prioridade a ponto de termos ainda um grande número de analfabetos. Num país onde o transporte público não funciona a contento, quando se tem, pois em algumas localidades ele sequer existe. Num país onde se tenta resolver a questão da violência por meio de programas e acordos que simplesmente não resolvem o X da questão... é inaceitável que se gaste tanto dinheiro com o "circo".
Onde vamos desaguar com os protestos atuais em contraposição aos métodos de governar e empregar o dinheiro público, só o tempo dirá, mas, uma coisa é fato, O Brasil não vai mudar, o Brasil já mudou, e a atual classe política está em polvorosa, pois, certamente, independentemente de partido, terá que se reinventar.
O resultado do que está acontecendo esperamos ver nas próximas eleições, mas, o melhor dos quadros seria, se pudéssemos, não mais tê-los como nossos representantes, ou ainda, simplesmente, que eles nos deixassem em paz.



domingo, 9 de junho de 2013

Faroeste Caboclo ( 2012 - Brasil)

Faroeste CabocloJoão (Fabrício Boliveira) deixa Santo Cristo em busca de uma vida melhor em Brasília. Ele quer deixar o passado repleto de tragédias para trás. Lá, conta com o apoio do primo e traficante Pablo (César Troncoso), com quem passa a trabalhar. Já conhecido como João de Santo Cristo, o jovem se envolve com o tráfico de drogas, ao mesmo tempo em que mantém um emprego como carpinteiro. Em meio a tudo isso, conhece a bela e inquieta Maria Lúcia (Ísis Valverde), filha de um senador (Marcos Paulo), por quem se apaixona loucamente. Os dois começam uma relação marcada pela paixão e pelo romance.
Mas, para quem conhece a música que inspirou o filme ficou uma sensação de que faltaram muitas coisas à serem mostradas. Houve uma pincelagem dos trechos que ao meu ver não foram muito bem selecionados. É evidente que a essência da história foi preservada, teve início, meio e fim, e por isso acredito que tenha agradado mais a quem não vivenciou o ápice e o contexto temporal em que a canção foi escrita do que as "viúvas" do bom rock nacional.
Não estou dizendo aqui que o filme não merece méritos, ao contrário, recomendo a todos assistirem, porém minha expectativa foi relativamente frustrada exatamente pelo fato de, como já disse, algumas passagens não terem sido retratadas, o que, ao meu ver, fizeram a diferença no desenrolar da trama, na medida que impossibilitaram mais fidelidade a história musicada por Renato Russo.
Entendo que se fosse para jogar na tela a totalidade da música, provavelmente o filme teria umas quatro horas de duração, mas de qualquer forma ficou a sensação de "quero mais".
Quem viu "Somos tão Jovens" entende plenamente o que quero dizer, pois este retratou, mesmo que de uma forma um pouco mais romântica do que merecia, uma versão bem mais próxima da realidade daquele momento ímpar da musicalidade do país. Já "Faroeste Caboclo" deixou várias lacunas que dariam, sem exagero, um outro filme.
Mesmo assim vale a pena conferir, pois é uma produção nacional de excelente qualidade, com jovens atores interpretando de forma muito convincente os papéis que lhe foram atribuídos, além de sobretudo, fazer mais um registro importante sobre um dos maiores gênios da música nacional de todos os tempos e que, certamente, já entrou para a posteridade.