quinta-feira, 26 de abril de 2012

Crônica: O Maranhão Merece Respeito.

Os dias em que passei com minha bela esposa em São Luiz do Maranhão foram diferentes. Não por ter sido minha primeira vez naquela cidade mas principalmente pelo fato de presenciar coisas que só mesmo estando presente eu teria como acreditar.
A cidade poderia ser como outra qualquer de pequeno para médio porte, mas não é! A total ausência de preocupação com um mínimo de planejamento faz com que, praticamente no mesmo espaço, e não é exagero, se tenha a ostentação e a miserabilidade total, com larga vantagem para a segunda.
Logo quando cheguei ao aeroporto tomei um susto. No traslado do avião até o desembarque, passamos por um caminho cercado de mato e sucatas de todo tipo. Quando chegamos no saguão, não acreditei. A porta de automática, só tinha o aviso, pois ficava um "caboclo" encarregado do papel de manuseá-la todo o tempo. A sala, menor que a de um cinema de shopping, tinha o chão de cimento batido e o teto com umas mantas (tipo lonas) lembrando, literalmente, um circo.
Podem acreditar, nunca estive nem em uma rodoviária do interior que fosse tão chula como o aeroporto internacional de São Luiz - MA, terra de um Senador e ex Presidente da República.
Ficamos hospedados na ilha, no bairro de São Francisco, e o hotel, apesar de básico, nos atendeu satisfatoriamente.
Tivemos a feliz coincidência de estar no final de semana que estava acontecendo na cidade o MOA (Music Open Air), um festival de Heavy Metal autêntico, como a muito não se via no Brasil. Pena que foi um fiasco! O que estava programado para três dias durou, na verdade, apenas um. Por uma série de problemas envolvendo a organização, o festival foi interrompido, acarretando um grande prejuízo para o público, já que havia gente de todo canto do país, que pagou, só de ingresso, R$ 450,00.
Mas, como nessa vida nada pode ser totalmente ruim, o lado bom da situação foi que hotel estava lotado de roqueiros de todas as idades, me permitindo fazer novas amizades, relembrar bandas, contar aventuras e trocar e-mails. Por esse lado, foi massa.
Nossa visita ao continente foi bastante agradável, principalmente a que fizemos ao Centro Histórico. Tivemos a oportunidade de conhecer a belíssima arquitetura local, mesmo estando bastante mal cuidada, e deliciar os saborosos pratos com as comidas típicas do lugar. Os artesanatos e as danças também são encantadores, pois, assim como a culinária, é uma mistura de raças em forma de arte. Neles encontramos as culturas indígena, escrava e portuguesa, mescladas para produzir um resultado ímpar, sem comparação.
No entanto, o que mais me surpreendeu positivamente em São Luiz foi o povo. 
Conheço todo o norte e nordeste do Brasil, assim como o sul e o sudeste, já estive em lugares encantadores com pessoas maravilhosas, mas receptividade, alegria, e prazer em agradar como no Maranhão ainda não tinha encontrado.
Em todos os lugares que estivemos fomos tratados com uma deferência incomum para os dias de hoje. Simpatia, cordialidade, presteza e respeito são características que posso, sem nenhuma dúvida, atribuir ao povo maranhense. Fica até difícil de acreditar que este Estado se encontra entre os três IDH's mais baixos do Brasil, o que nos demonstra que educação vem de berço e não está necessariamente ligada ao desenvolvimento social. 
Acho que o povo do Maranhão merecia melhor sorte. Fico imaginando que se o ex Presidente e atual Senador José Sarney, assim como sua filha e Governadora daquele Estado (Roseana Sarney) valorizassem mais a educação, a saúde e o desenvolvimento e menos a criação de currais eleitorais, que somente visam a perpetuação no poder, teríamos ali uma combinação perfeita. 
A essência já existe, falta a consistência de se promover, honestamente, o que os filhos daquela terra fazem jus: o respeito.

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