segunda-feira, 28 de maio de 2012

Crônica: Santas ou Putas?

Por mais incrível que pareça, em pleno século XXI, ainda não nos livramos dos esteriótipos que permeiam nossos pensamentos quando se trata de entender o outro.
Somos todos do mesmo balaio, mas insistimos em nos colocar num pedestal de deferimento que nos dá o direito de avaliarmos o comportamento alheio.
Chega a ser inacreditável o fato de se perceber que o entendimento e a compreensão humana não caminham no mesmo ritimo da evolução tecnológica, mas, quase sempre, a passos curtos, vagarosos, sem a menor das vontades.
Por que nós, homens que vestimos calças, somos tão "perfeitos" na hora de avaliarmos o comportamento feminino? Será que somos tão donos do saber para definirmos de bate-pronto o adjetivo que mais se afeiçoa a mulher? Será que somos tão superiores intelectualmente que conseguimos ver estampados em seus rostos a sua verdadeira face? Acho que não!
Toda mulher é mulher, independentemente do que faça e da profissão que exerça, da maquiagem que usa ou que deixa de usar, da religião que pratica ou simplesmente ignora. Em dado momento todas desempenham mais de um papel, da mais conservadora e introvertida a mais descolada e extravagante.
E nós, os machos da sociedade, podemos não declarar, mas, com raríssimas exceções, temos o desejo de mixar as características femininas para nos trazer prazer e satisfação, e assim fazemos.
No entanto, nossos objetivos para com o sexo oposto, materializam nossa imbecilidade. Não existe Santa digna de louvação ou Puta merecedora de castigo. Existe a mulher, e a ela deve-se o respeito.

domingo, 20 de maio de 2012

Filme: Faça a Coisa Certa (1989 - EUA)

Faça a Coisa CertaSal (Danny Aiello), um ítalo-americano, é dono de uma pizzaria em Bedford-Stuyvesant, Brooklyn, (lá também há um armazém cujos donos são coreanos). Com predominância de negros e latinos, é uma das áreas mais pobres de Nova York. Sal é um cara boa praça, que comanda a pizzaria juntamente com Vito (Richard Edson) e Pino (John Turturro), seus filhos, além de ser ajudado por Mookie (Spike Lee), um funcionário. Sal cultua decorar seu estabelecimento com fotografias de ídolos ítalo-americanos dos esportes e do cinema, o que desagrada sua freguesia. No dia mais quente do ano, Buggin' Out (Giancarlo Esposito), o ativista local, vai até lá para comer uma fatia de pizza e se desentende com Sal por não existirem negros na "Parede da Fama" dele. Sal retruca dizendo que esta parede é só para ítalo-americanos e se Buggin' Out quer ver fotos dos "irmãos" que abra sua própria pizzaria. Notando que não vê nenhum italiano para proteger Sal, Buggin passa o resto do dia tentando organizar um boicote contra a pizzaria. Este incidente trivial é o ponto de partida para um efeito dominó, que vai gerar vários problemas. Um desentendimento com Mookie o leva a enfrentar uma série de mal-entendidos, que resultam em pancadaria. A polícia chega ao local e acaba matando um dos fregueses, transformando a confusão em tragédia.
Ao meu ver "Faça a Coisa Certa" é um dos melhores filmes de Spike Lee que possui uma peculiaridade marcante: Foi produzido com baixíssimo orçamento uma vez que e a grande maioria dos atores eram moradores reais daquele bairro.
Como sempre, Spike Lee procura demonstrar o domínio e a exploração dos brancos sobre os negros, porém, de uma forma inteligente, descontraída e, principalmente, ao contrário do que habitualmente presenciamos em obras com esse enredo, ele parte da perspectiva do dominado, buscando a superação, por estar insatisfeito com o dominador.
Vale a pena conferir o trailer!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Crônica: A Natureza que não entendemos!!

Fiquei extremamente triste ao ver pela TV cenas que mostravam o gado na Região Nordeste morrendo de fome e sede. Numa delas, uma criança chorava deitada sobre o dorso magro do animal que dava seus últimos suspiros.
Enquanto isso no Norte do país as chuvas estão produzindo enormes estragos. Ainda ontem, a cidade de Manaus estava debaixo d'água.
Já na Região Sudeste, nas cidades litorâneas de Vitória e Vila Velha, no Espirito Santo, choveu mais em 2 dias do que o previsto para todo o mês de maio.
Em São Joaquim, serra Catarinense, na Região Sul,  o frio chegou no domingo a sete graus negativos.
Entendo que por mais que nos achemos capazes, jamais conseguiremos fazer com que a natureza seja equilibrada de acordo com nossas necessidades. Ela tem suas próprias vontades, segue seu próprio curso e quando quer, nos mostra o quanto somos insignificantes diante da sua magnitude.
Percebo que apesar do longo convívio, a humanidade ainda não consegue entender suas mensagens, seus sinais e seus avisos.
Continuamos a achar que somos superiores e que podemos dominá-la, sendo isso uma questão de tempo. Triste engano! Jamais seremos capazes de exercer domínio sobre ela.
Enquanto o homem não se convencer de que em relação a Mãe Natureza somos seres inferiores e que antes de pensarmos em meios de conter suas reações devemos buscar entender os seus motivos, estaremos sujeitos a toda espécie de surpresas, que nem sempre poderão nos agradar.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Filme: Cyrano de Bergerac (1990 - França)

 Cyrano de BergeracNo século XVII, Cyrano, espadachim e poeta, ama sua prima Roxanne, mas não se declara, porque tem vergonha do nariz descomunal. O próprio diretor e Jean-Claude Carrière (roteirista de Luis Bu uel e de "A Insustentável Leveza do Ser") adaptaram quase ao pé da letra a peça em versos de Edmond Rostand (1868/1918), encenada pela primeira vez em 1897. Há várias adaptações para o cinema (inclusive a excelente comédia interpretada por Steve Martin e Daryl Hannah, "Roxanne"), mas esta, com reconstituição de época irrepreensível, é a mais fiel e mais imponente, tendo recebido vários prêmios, inclusive o de melhor ator para Depardieu no Festival de Cannes (ele também foi indicado para o Oscar).
Para os admiradores do cinema/arte este clássico é simplesmente imperdível. Além de uma bela fotografia, possui um diálogo de altíssimo nível, porém, sem o tornar cansativo.
Vale a pena conferir!

domingo, 6 de maio de 2012

Filme: A Pele Que Habito (2011 - Espanha)

A Pele que HabitoRoberto Ledgard (Antonio Banderas) é um conceituado cirurgião plástico, que vive com a filha Norma (Bianca Suárez). Ela possui problemas psicológicos causados pela morte da mãe, que teve o corpo inteiramente queimado após um acidente de carro e, ao ver sua imagem refletida na janela, se suicidou. O médico de Norma acredita que esteja na hora dela tentar a socialização com outras pessoas e, com isso, incentiva que Roberto a leve para sair. Pai e filha vão juntos a um casamento, onde ela conhece Vicente (Jan Cornet). Eles vão até o jardim da mansão, onde Vicente a estupra. A situação gera um grande trauma em Norma, que ao despertar após a violência ocorrida, e ao ver a imagem do pai que estava a lhe socorrer,  passa a acreditar que foi ele que a violentou. 
A partir de então Roberto elabora um plano para se vingar do estuprador.
O filme "A pele que habito" não é uma obra de violência, pois a citada cena de agressão sexual se desenrola em um contexto onde, se assim podemos dizer, há um estupro consentido. 
Cheio de surpresas e com um enredo que, acredito eu, ainda não havia sido tratado nas telas, o trailer se constitui num clássico dos gêneros drama e suspense, com um desfecho inacreditavelmente surpreendente.
Para quem curte qualidade, fotografia e bom texto, vale a pena conferir. 
Quando falamos de um filme de Pedro Almodóvar o melhor é apenas indicá-lo, pois quaisquer  palavras para classificá-lo, certamente serão menores.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Crônica: Ideologia, de quem?

Ainda nos anos de 1980, na Faculdade de Ciências Sociais da UFF, eu era bastante criticado por defender a tese de que no Brasil o sistema político partidário era alicerçado sobre nomes e não em legendas.
Participei de discussões homéricas, tentando demonstrar que a nossa cultura não era a de se voltar para ideologias, mas sim, debruçava-se nas personas que se aproximavam dos objetivos individuais.
Dito e feito! Mais de vinte anos após, ficamos sabendo pela imprensa que o Sr Carlos Augusto Ramos (Carlinhos Cachoeira), o nome do moda, tentou comprar um partido político para expandir seus domínios.
Duvido que nunca tenha ocorrido isso na história do Brasil, e com sucesso. Na verdade os partidos aqui tem verdadeiros donos (vide o recente PSD do Prefeito de São Paulo Gilberto Kassab)  que colocam suas ambições, seus desejos e suas intenções, como se fossem fruto do resultado de pensamentos coletivos.
Somos um país, onde ao contrário da maioria das outras nações, o partido político não emana das classes mais rasas (salvo o PT, que teve seu início no movimento popular, mais hoje não se difere em nada de nenhum outro). Aqui a elite se encarrega de definir o que é melhor para o povo.
Portanto, o que vejo hoje não é nenhuma novidade, somente corrobora o que sempre pensei. Fomos adestrados para fazer valer o desejo dos senhores, levar adiante suas ideias, favorecer seu poderio.
Ideologia pressupõe educação, aprendizado e conhecimento, ingredientes que não fazem parte do tempero que é permitido a massa ter acesso.