quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Crônica: Mais de Um em Nós Mesmos

Uma coisa é fato: Somos mais de um em nós mesmos.
Digo isso porque é comum ouvirmos a expressão "esse é o meu jeito". Até concordo, mas num dado momento.
Tenho a fama de ser radical, intragável, chato e por aí vai. Não nego, sou! Umas vezes mais, outras menos. Pelo que me dizem, estou bem pra mais - porém, isso não me incomoda.
O que não entendo, é porque as pessoas não se assumem.
Por conta das minhas poucas qualidades e muitos defeitos, não raramente, me surpreendo com algumas reações que costumo ter.
Quando vejo o que está acontecendo na dita "primavera árabe" percebo que o homem, enquanto ser social, avançou muito pouco no que se refere ao respeito ao próximo.
De um lado nós temos os déspotas que imaginam ter o poder divino para se perpetuarem, custe o que custar, e o pior, achando que são totalitários para definir o que é melhor para o povo.
Não entendem, ou não fazem questão de entender, que governar é antes de tudo liderar e liderança pressupõe carisma.
Tudo que começa um dia termina, e como se dará esse desfecho vai depender da condução enquanto o poder for exercido.
Compreendo que o sofrimento, a opressão, a subserviência e o fanatismo (seja religioso ou político) são contribuintes diretos para a revolta. Pois afinal, tudo tem limite.
Quanto falo de sermos mais de um em nós mesmos, percebo como isso fica claro quando se trata de  casos típicos de insurreição.
Ao nos referirmos a religião, pressupomos, bondade e tolerância e não atrocidades contra o ser humano. Não é aceitável, por mais que busquemos na história acontecimentos que violaram direitos de qualquer natureza, o ar de satisfação quando se atinge o dito "alvo" que, invariavelmente, também são pessoas.
Falo isso porque fiquei chocado com a forma que foi capturado e morto Muamar Kadafi.
Nunca tive nehuma simpatia por ele, sempre abominei os seus métodos de governar e fiquei extremamente  nauseado quando vi a cena do nosso ex presidente Lula, em visita a Líbia, o cortejando. Não me importa que seja por questões políticas ou econômicas. O fato é que nada justifica trocar afagos com aquela figura.
Entretanto, quando as televisões do mundo exibiram e comentaram o fato de Kadafi tem sido encontrado dentro de uma rede de esgoto, por onde tentava fugir, e que ao ser encontrado suplicou para não o matarem,  em vão, tive um sentimento estranho.
Ele poderia até ter sido morto, como foi. Mas daí a transformar seu corpo desfigurado num troféu, não aceito.
Já que ouve a captura, por que não a prisão, o julgamento e até mesmo a provável condenação à morte?
Perdemos uma excelente oportunidade de tomarmos conhecimento de muitas coisas feitas por ele e não conhecidas.
Daí, concluo que nada devo concluir. A não ser confirmar que o ser humano é sempre mais de um nele mesmo. Pois ao mesmo tempo que fazem orações e se dizem abençoados, não conseguem conter suas cóleras quando estão determinados. E o mais tosco de tudo, com ar de satisfação de quem praticou um ato nobre.
Que Alá nos proteja.

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