terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Opinião: A Sexta Economia do Planeta

Quando ouvi a notícia que a economia do Brasil havia superado a do Reino Unido, acreditem, não me surpreendi.
Sou do tempo em que ainda se estudava "Educação Moral e Cívica" no antigo primário. Isso deve ter quase 35 anos.
Bom, mas o que tem o alho com o bugalho se comecei falando de economia? Tem haver que já naquela época, nós, crianças, aprendíamos que o Brasil era a oitava economia do mundo - não se falava em China, Índia, Coréia, África e outros mais quando o assunto era poderio econômico - aprendíamos que o Brasil era um país em desenvolvimento (não havia a expressão 3º mundo) e que caminhava a passos largos para se tornar uma potência mundial, isso em plena ditadura.
Formávamos todos os dias antes do início das aulas e cantávamos o Hino Nacional hasteando a Bandeira. Os cadernos que utilizávamos (comprados normalmente nas papelarias) vinham com as letras dos principais hinos: O Nacional, o da Bandeira, o da Marinha, o do Exército e o da Aeronáutica. Me lembro que numa determinada prova tive que citar o mome dos ministros que compunham o governo e, podem crer, não é que acertei! Tinha decorado é claro, mas o fato é que fui na mosca.
Quando mais tarde, já adolescente, comecei a perceber que tudo ou quase tudo que nós era transmitido tinha a imposição do regime militar. Virei a casaca, quase me tornei um rebelde! O que me freou na intenção foi que logo em seguida veio a abertura, a anistia, as eleições diretas, enfim, o retorno da democracia, que eu não conhecia.
Fiz este breve comentário para demonstrar que apesar de hoje vivermos num regime democrático - e agora já sei bem do que se trata - continuamos sendo manipulados. Do que adianta sermos a 6ª maior economia do mundo se somos o 54º em renda per capita, o 88º em educação, o 72º em distribuição de renda e o 69º no quesito saneamento básico, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD.
Assim como na ditadura querem nos vender "mulato velho" como sendo "bacalhau". O fato do reconhecimento internacional quanto ao crescimento da nossa economia em nada vai contribuir para dar dignidade a nossa gente. É óbvio que existe um efeito nostálgico em sabermos que pelo menos em alguma coisa estamos melhores que na "terra dos lordes", entretanto, continuamos a algumas décadas de distância para atingir o padrão de vida deles e talvez eles estejam a séculos de cair ao ponto em que nos encontramos.
Encaro como irrelevante tal acontecimento, pois entendo que isso se deu mais pela convulsão que vive a Europa como um todo, e menos pelos méritos do Brasil. Quero um dia ver, e não apenas saber, que o nosso país está entre os melhores do mundo porque realmente resolveu problemas históricos, que afligem a maior parte da nossa população. Quando formos o 6º colocado em saúde, educação, habitação e outras condições básicas para se viver com dignidade, aí sim, ficarei feliz de verdade.

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