quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Crônica: Natal + Ano Novo = Demagogia

Existem coisas as quais falamos sem pensar que as vezes podem nos trazer consequências. Digo isso porque normalmente quando estamos irados não medimos o que a retórica pode provocar ao interlocutor. Por tanto procuro sempre seguir um dos mandamentos da "máfia" que mais admiro: "Quando estiver com raiva, feche a boca e abra os olhos".
Nestes dias espremidos entre o Natal e o Ano Novo parece que os motivos para instigar nosso estado colérico aumentam.
Não tenho muita tolerância quando encontro aquele cara no elevador que passa o ano todo me desconhecendo e quando chega nesse período se torna uma "flor de simpatia", desejando feliz Natal, feliz Ano Novo, mandando saudações a família e o escambau.
Pode Parecer rancorismo da minha parte mas não dou a mínima para esse tipo de gente.
Não é sem motivos que considero o Natal e o Ano Novo como as datas mais demagógicas do nosso calendário. As pessoas se comportam como se estivessem "purificadas pelas mãos divinas" e tentam nos convencer do espírito fraterno que envolve a todos. Desses "todos", eu me excluo completamente.
Para mim o Natal é um dia como qualquer outro, um pouco mais mentiroso é verdade, mas não deixa de ser só mais um dia. Eximo da babaquice de se dar credibilidade a essa coisa ridícula, somente as crianças, que tem o direito de sonhar o sonho que os adultos idiotas lhes intubam por alguns anos de suas vidas, e o pior, tem gente grande que fica entubada com essa mentira até morrer.
O Ano novo também é uma data que transmite glamour para os alienados, mas com características diferentes. É comum os mais bossais fazerem promessas, elegerem prioridades, desejar tudo de bom para todos, na certeza, que parte unica e exclusivamente de suas cabeças mentecaptas, de que todas as suas vontades serão atendidas.
Ora, se somente um décimo dos pedidos que são feitos, sabe-se lá a quem, obtivessem resposta, o mundo estaria maravilhoso! Ninguém adoeceria, nem morreria, não se matava, não se roubava e não aconteceriam as  tragédias (inclusive naturais) de todo ano. Somente se firmaria a bendita paz, saúde e prosperidade que os tolos tem a convicção de que vão alcançar mediante suas preces, seus pulinhos sobre as ondas, suas flores jogadas ao mar, suas roupas brancas e tantas outras baboseiras.
Ainda bem que existe o dia seguinte! A realidade que sucede o excesso de otimismo infundado se encarrega de fazer valer o ordem natural das coisas. A vida continua e tudo segue acontecendo segundo seu curso, alheia as bestices humanas, sem  nenhuma interferência, independentemente das mais fervorosas solicitações.
Quem deseja uma vida e um mundo melhor, que procure no cotidiano fazer o possível para si mesmo, sem desrespeitar o semelhante e, mais ainda, que produza com dignidade algo de bom a fim de contribuir para melhorar o planeta em que vivemos. Não fique esperando o último dia do ano para falsamente se redimir, pois quem é consciente do seu papel na sociedade não precisa de desculpas.

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