segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Crônica: Buenos Aires (final)

Quando ouvimos falar que na Argentina o Maradona é tratado como um Deus, achamos que existe um exagero desmedido na colocação. Mas, por incrível que pareça, não há! É fácil encontrarmos fotos, estátuas e bustos de "Dieguito" por todo canto. Não consigo me lembrar de tamanha referência e idolatria em vida a uma pessoa, de forma espontânea, em qualquer outra parte do mundo.
 O fanatismo por Diego Armando Maradona ultrapassa o limite futebolístico. Mesmo as pessoas que não torcem pelo Boca Juniors ou são indiferentes ao futebol, não deixam de ter verdadeira adoração pelo craque portenho.
Percebi poucas igrejas em Buenos Aires e isso tem uma explicação; Descobri que a igreja católica foi uma aliada muito forte do regime militar que dominou a Argentina no chamado "anos de chumbo".
 A alta animosidade política e social gerada durante a “Revolução Argentina”, na verdade uma ditadura militar, e as lutas entre os diversos setores militares produziram dois golpes internos, sucedendo-se no poder três ditadores militares: Juan Carlos Onganía (1966-1970), Marcelo Levingston (1970-1971) e Alejandro Agustín Lanusse (1971-1973). 
Perseguida por uma insurreição popular crescente e generalizada, a ditadura organizou uma saída eleitoral com participação do peronismo (apesar de impedir a candidatura de Juan Domingo Perón), em 1973. 
Apesar de ter durado menos que a ditadura brasileira (comandou as decisões do país até 1983) a ditadura Argentina foi igualmente violenta. Estima-se que o governo ditatorial sequestrou mais de 30 mil pessoas nos seus sete anos de poder. Além disso, a crueldade da repressão fez com que vários dos argentinos que lutavam contra o governo fugissem do país, foram mais de 2,4 milhões de fugitivos do sistema. 
A partir do fim do regime ditatorial a religião foi perdendo espaço para a política. Podemos exemplificar esta situação lembrando que a Argentina foi pioneira na América do Sul no que diz respeito a lei que permite oficialmente o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Enfim, me identifiquei demais com o país dos los hermanos. Confesso que em certos momentos fui tomado pela inveja de sua organização, e imaginei o quanto o Brasil poderia ser melhor se nossos governantes, desde o descobrimento, fossem menos preocupados com o poder e mais com a educação do povo.
Mas, tudo bem! Continuo achando meu país um lugar adorável para se viver, apesar de todas as mazelas.
Não temos Maradona mas temos Pelé, Não somos tão bem educados mas temos calor humano, não planejamos nossas cidades mas temos as belezas naturais. Enfim, não troco minha terra por nenhuma outra! Sou brasileiro, mestiço e principalmente, com todo orgulho, carioca. 

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