quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Crônica: O e-mail

Até que ponto temos que nos deixar ser escravizados pela tecnologia? Faço esta pergunta porque eu mesmo sou completamente dependente dela. Podem retirar minha escova de dente, minhas meias, os talheres que utilizo para comer e outras coisas, mas não me deixem sem internet, notebook, smart fone e telefone. Fico completamente perdido, o dia não começa e nem termina bem se algumas dessas parafernálias tecnológicas mem faltarem.
Por conta disso, eu me peguei pensando numa meia piada contemporânea que diz o seguinte: Certo dia um homem muito pobre e sofrido que vivia na roça, de forma muito miserável, resolveu que iria juntar algumas economias para tentar a vida na cidade grande. Durante alguns meses de trabalho conseguiu economizar um pouco mais que o necessário para a compra de uma passagem de ônibus. Não pensou duas vezes, embarcou para realizar seu sonho de mudar de vida.
Chegando na cidade, ele que sabia minimamente escrever o próprio nome e soletrar algumas letras, começou a procurar os mais humildes empregos. No entanto em todos os lugares que chegava perguntavam qual era o seu e-mail para contato. Ora, ele nem sabia do que se tratava! Mas, por dezenas de vezes não pode sequer se inscrever à vaga por falta do endereço eletrônico.
Cansado e com uns míseros trocados no bolso resolveu que ia lutar ao menos para sobreviver, pois nem condições de comprar uma passagem de volta ele tinha. Com o pouco que sobrou, entrou num mercado e comprou uma caixa de tomates, colocou-a sobre um cavalete improvisado na esquina de uma rua e começou a vender.
Vendeu a primeira caixa, com o que apurou já comprou mais duas, vendeu as duas e comprou mais quatro. Ao final de um mês já tinha uma barraca com algumas frutas e legumes, passados seis meses conseguira um ponto comercial e com dois anos tinha seu negócio registrado e estabelecido.
Foi quando recebeu a visita do gerente de um determinado banco: "...o senhor é um próspero comerciante, queremos torná-lo nosso parceiro lhe oferecendo crédito". E o homem que não entendia muito bem de assuntos bancários perguntou:"...e o que eu preciso para isso?" E o gerente:"...nada, tudo o que é necessário poderemos obter com seu contador, na verdade, só vou precisar do seu e-mail. O homem olhou para ele, coçou a barba, acendeu um cigarro e falou num tom de voz bem matreiro:"...Olha moço, vou te dizer uma coisa muito verdadeira, eu não tenho, nunca tive e não vou ter esse tal de e-mail, porque, acredite o senhor ou não, se eu tivesse essa desgrama, hoje eu estaria varrendo chão..."

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