terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Ensaio: Fundamentos Infundados de uma Sociedade (parte I)

As vezes encontramos pessoas que se dizem tão positivas que ficamos imaginado se é possível alguém conviver diariamente com a quantidade de escrotices que presenciamos e ainda se julgar um otimista convicto.
Fico a pensar que, se realmente elas se sentem assim, as explicações para isso são em número reduzido, como por exemplo, ser bossais, alienados, conformistas, enfim, sem conhecimento de causa.
Esse perfil alimenta a febre que insiste em não deixar o corpo de nossa sociedade.
Como sabemos que a “febre” não é doença, mas sim um sintoma de algo que está comprometendo o bom funcionamento do organismo humano, o mesmo vale para entendermos a sociedade em que vivemos.
Percebamos, ao nosso redor, a quantidade de seres nocivos que ocupam um espaço que, sem sombra de dúvidas, pode e deve ser preenchido por cabeças pensantes, capazes de identificar e extirpar, pelo esclarecimento, tudo o que não corrobore para a grandeza coletiva.
Há uma grande ilusão no fato de se pensar que pessoas extremamente cultas ou, por outro lado, experientes, simplesmente pelo fato de possuírem um grande conhecimento acadêmico, em se tratando das primeiras, ou grande aprendizado de vida, quando falamos das segundas, estão credenciadas a se tornarem legítimos representantes da nação.
Quando pertencemos a uma sociedade democrática, nunca é demais entendermos que nós, enquanto eleitores, devemos nos preocupar em ter o maior conhecimento possível sobre aqueles que vamos eleger, pois, estamos lhes transferindo o poder de arbitrar sobre nossos anseios e necessidades. Daí a importância dos que nos representam terem trâmite e conhecimento sobre o que é viver tanto na escuridão quanto na luz.
O bom representante deve fazer do direito que lhe é transferido pela sociedade o seu verdadeiro e único instrumento de trabalho, nunca esquecendo que ele não é um missionário divino, acima, ou melhor que tudo e todos ,mas sim um servo, designado para viabilizar a melhoria das condições daqueles que nele acreditaram.
Dessa forma, cabe-nos observar o quão especial é o papel a ser desempenhado pela sociedade.
Devemos entender que os eleitos não são nossos dirigentes, mas sim nossos representantes, e a nossa missão se traduz na importante tarefa de fiscalizar-lhes.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Opinião: Máximo Silêncio em Paris (Exposição)

Foi inaugurada  em 27/01/2012 na Praça Paris no bairro da Glória - RJ a exposição “Máximo Silêncio em Paris”, do artista italiano Giancarlo Neri. A obra, composta de cerca de 9 mil globos luminosos, que mudam de cor, é ligada ao anoitecer e fica acesa até meia-noite.
É um belíssimo espetáculo ao ar livre. As bolas em suas múltiplas cores ao receberem o efeito da luz criam uma mar de tons luminosos que tomam todo espaço da praça.
Vale a pena conferir! É lindo, é de graça.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Filme: Che - O Argentino ( 2008 - França, Espanha, EUA)

Che - Cartaz26 de novembro de 1956. Fidel Castro (Demián Bichir) viaja do México para Cuba com oito rebeldes, entre eles Ernesto "Che" Guevara (Benício Del Toro) e seu irmão Raúl (Rodrigo Santoro). Guevara era um médico argentino, que tinha como objetivo ajudar Castro a derrubar o governo de Fulgêncio Batista. Ao chegar ele logo se integra a guerrilha, participando da luta armada mas também cuidando dos doentes. Aos poucos ganha o respeito de seus companheiros e torna-se um dos líderes da revolução que está por vir.
Me empenhei em rever o filme por conta, principalmente, da visita que a Presidente Dilma Roussef estará fazendo a Cuba nesta semana. Não sei bem explicar o motivo, mas tive a sensação de que eu precisava ligar alguns fatos que ainda são meio obscuros, principalmente depois da jornalista e blogueira Yoani Sánchez ter pedido ao governo de seu país a autorização necessária para que ela viaje ao Brasil, onde deve, a convite do Cineasta Claudio Galvão da Silva, comparecer a estréia  do documentário Conexão Cuba-Honduras, em Jequié, na Bahia, prevista para o dia 10 de fevereiro. Sánchez ficou conhecida por manter um blog no qual combate o regime comunista , hoje capitaneado por Raúl Castro, Irmão de Fidel.
Ora, quando Fidel Castro Liderou a Revolução Socialista em Cuba, por meio da luta armada, o objetivo era livrar aquele povo da ditadura sangrenta de Fulgêncio Batista e promover melhorias na condição de vida das pessoas, e como a própria revolução pregoava "entregar Cuba aos cubanos".
Não é isso que percebemos desde a muito tempo. Apesar de terem ocorrido avanços significativos em saúde e educação, paramos por aí. O país hoje é uma espécie de navio encalhado que não tem mais condições de navegar, onde a liberdade de expressão e o direito de ir e vir não existem.
Que revolução foi essa onde se encerrou uma ditadura para começar outra?
Acho que já passou da hora de deixarmos de ser românticos com o país dos charutos e o encararmos como mais um regime autoritário. Estou curioso para saber o que nossa presidente irá fazer lá e se haverá algum tipo de resultado prático após essa visita.
De qualquer forma, fica aqui a dica sobre o filme. Independentemente dos dias de hoje, vale a pena assisti-lo, pois  certamente nos ajuda a entender o processo da dita revolução, que ao meu ver, se assemelha muito mais a um golpe de Estado.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Crônica: Um Rio de Lágrimas! II.

Quando passei hoje pela manhã em frente a Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, onde foi montada uma base para atendimento aos parentes das vitimas da tragédia da Avenida Treze de maio, percebi que muitos, pelo semblante, passaram a noite em claro, na esperança de alguma notícia alentadora, por mais improvável que isso seja, uma vez que quanto mais o tempo passa, menor se torna a possibilidade de haver sobreviventes.
Aliada a esta situação de desconsolo, desespero e tristeza, percebi que desde o ocorrido, o número de pessoas que se concentram na Praça da Cinelândia aumenta a cada dia. Posso estar enganado mas não me parecem pessoas preocupadas em prestar solidariedade. Parece-me que estão ali por conta do espetáculo.
Maquiavel, pensador Italiano do século XV, dizia que todos os homens tem uma índole má por essência. Particularmente discordo, mas não há como negar que as pessoas quando não são atingidas, tendem a desconsiderar o sofrimento alheio, se atendo somente ao fato, sem levar em conta que aqueles sofredores são gente como a gente. 
Para reforçar minha tese, tomei hoje o elevador com uma jovem que falou da sua frequente ida ao prédio de 20 andares (que desabou) justamente no horário em que ocorreu o desabamento. Contava aos risos que teve muita sorte de não ter ido lá na quarta feira.
Fiquei extremamente surpreso com a alegria que ela demonstrava, não por ter se livrado de ser uma das vítimas, o que vale realmente comemorar, mas principalmente pelo jeito eufórico com que falava, parecia estar tendo um orgasmo de tanta felicidade. 
Desconsiderei a esfuziança demonstrada e preferi ficar com a opinião de que ela estava meio que sem noção da sua performance, pois, as outras pessoas que também estavam no elevador ficaram indiferentes aos comentários, preferiram o silêncio. 
Talvez esta pobre moça, até por consequência da pouca idade, não conheça um ditado muito sábio que nos ensina que nem sempre estar alegre significa alegria e as vezes rir de tudo também pode ser sinal de
desespero.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Crônica: Um Rio de Lágrimas!

"O dia amanheceu mas não havia sol, nenhuma flor nasceu pra perfumar o ar...". Este é o trecho de uma música que fazia parte do repertório da banda pop-rock Os Quatro da Manhã, onde eu tocava nos anos de 1980. Foi exatamente assim que percebi o dia de hoje após tomar conhecimento da tragédia ocorrida na noite anterior, no centro do Rio de Janeiro, mas exatamente na Avenida Treze de maio, 44 - Cinelândia.
Trabalho num prédio que não fica a mais de trezentos metros do local. Logo ao chegar em casa, por volta das 21:00 recebi um telefonema do meu irmão perguntando se estava tudo bem comigo, pois havia acabado de acontecer uma catástrofe nas proximidades da empresa. Ao ligar imediatamente a TV para me inteirar do fato conclui que se eu houvesse saído meia hora mais tarde, o que acontece habitualmente, teria sido testemunha ocular do terrível espetáculo.
Hoje quando acordei parecia que na verdade eu não havia dormido, pois a mesma sensação de tristeza permanecia forte dentro de mim e provavelmente com mais intensidade já que "a ficha havia caído".
Me dirigindo para o trabalho percebi que não estava sozinho na minha angústia. Observei várias pessoas em rodas, bancas de jornais, bares, esquinas e afins discutindo o assunto com dor e sofreguidão. Todos tentavam achar uma explicação lógica para o ilógico, buscando através do coletivo diagnosticar o que pode ter ocorrido para que um prédio de vinte andares viesse abaixo feito um castelo de areia, levando consigo dois outros menores um de dez e outro de quatro andares.
Mais do que tentar descobrir o que motivou esse desabamento é a minha tristeza em relação aqueles que perderam suas vidas, seus parentes, seus amigos, seu trabalho e suas empresas. Tudo virou pó numa questão de segundos. Como o prédio maior já passava dos setenta anos de construção, imagino quanta história de vida se perdeu ali, e me pergunto: O que será dos sobreviventes após tudo isso?
Sou um carioca apaixonado. Sei de todos os problemas que temos que enfrentar no dia a dia, principalmente no que se refere ao ir e vir para o trabalho, mas nada me faz perder o encanto e deslumbramento pela cidade, pelo contrário, todos os dias percebo uma coisa bonita acontecendo sempre bem perto de mim e acredito que como eu, boa parte dos cariocas pensam assim.
Além de me solidarizar completamente com todas as vítimas em menor ou maior grau quero aqui expressar minha dor também pela cidade. O Rio de Janeiro não precisava de mais essa! Como se já não bastassem as tragédias naturais, com a contribuição humana, que tem nos atingido frequentemente nos últimos anos, agora perdemos um pedaço importante da cidade. A Avenida Treze de Maio não será mais mesma. Eu que passo por ali quase que diariamente terei muita dificuldade em conter minha emoção.
Tenho verdadeira paixão pelo centro e principalmente por essa região que concentra, além de prédios com belíssima arquitetura, o Teatro Municipal, a Biblioteca Nacional e o Museu de Belas Artes.
Certamente levarei algum tempo para absorver tal impacto, mas não tem outro jeito, terei que conviver com isso. Posso apostar que permanecerá a sensação de perda de um ente querido, que acostumamos, mas não esquecemos.
Choro por ti meu Rio, minha cidade, meu pedaço de chão que não troco por nenhum outro lugar no mundo. Choro por nós Cariocas, povo amável e descolado que não merece, a essa altura, tamanha dose de sofrimento.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Crônica: O mundo vai acabar, de novo!

Ontem ao sair para trabalhar cumpri a rotina de todos os dias: passei pela portaria, provoquei o porteiro-chefe que é vascaíno dizendo que no Flamengo agora era "só Love" e peguei o meu jornal.
Mas, nesse meio tempo, percebi que haviam três funcionários do condomínio conversando sobre, pasmem, "o fim do mundo".
Um deles ouviu dizer, e a fonte não consegui apurar, que o mundo se acabaria neste ano. estava tão convicto disso que demonstrava apreensão em comentar o assunto, e pior, os outros estavam ouvindo atentamente.
Pena que por conta do meu horário não pude ficar mais tempo para saber a conclusão que chegaram sobre o que iriam fazer, já que este seria o último ano de suas vidas.
Por mais bizarro que pareça, eles não estão completamente errados, evidentemente receberam uma informação distorcida, ou como se diz no popular "pegaram o bonde andando" e por pertencerem a camada rasa da sociedade, abstraíram a notícia da forma que lhes é alcançável. 
Vale dizer que o que terminará é um dos ciclos do Calendário Maia, que supostamente se encerrará em 21 de dezembro de 2012. 
Há 3.000 anos a civilização Maia começou a habitar a região que abrange o sul do México e América Central. Predominantemente agrícola os Maias são considerados os detentores da mais sofisticada e bela arte do Novo Mundo antigo. Além de construírem edificações notáveis como palácios, pirâmides, templos e observatórios astronômicos, eles desenvolveram escrita hieroglífica, mapearam fases e cursos de diversos corpos celestes e criaram um calendário considerado um dos mais precisos de todos os tempos.
O Calendário Maia é um sistema de calendários distintos. Os Maias e outros povos vizinhos utilizavam um calendário de 260 dias para eventos religiosos e cerimoniais; um calendário solar de 365 dias; um calendário que combinava os dois primeiros e o calendário de longa contagem de aproximadamente 5.126 anos, que segundo alguns estudiosos termina em 21 de dezembro de 2012.
Na história da humanidade várias datas já foram estabelecidas para determinar o final dos tempos e, provavelmente, outras para o fim do mundo também serão estipuladas, ainda há de haver muita discussão sobre esse tema, quem viver verá... ou não.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Crônica: Deu Praia

Finalmente o funcionário do mês (São Pedro) se deu um descanso e permitiu ao carioca curtir três dias seguidos de praia. Tiramos a barriga, ou quem sabe, o corpo todo da miséria.
Ainda estamos ávidos pelo início do verão que até agora só chegou em forma de data, mas ao que tudo indica São Sebastião (homenageado no dia 20 de janeiro e padroeiro da cidade maravilhosa) conseguiu intervir na ordem do dia e parece que agora vai, ou melhor, vem o calor.
Sou do tempo em que o ano era dividido em quatro estações (primavera, verão, outono e inverno). Sabíamos exatamente quando terminava uma e começava outra. Hoje em dia, a meu ver, só temos duas (inverno e verão) e olhem lá!
Mas, fazer o que? Temos nossa responsabilidade no processo e, sem dúvida, pagaremos um preço cada vez mais alto por conta de nossas proezas e distratos com a natureza. Assim, São Pedro não será tão cedo desprezado mas, ao contrário, lembrado frequentemente e trabalhando muito.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Crônica: Mamonas Assassinas - Que som foi esse?

Hoje de manhã quando estava me preparando para ir a praia - sou praiano incorrigível - me surpreendi quando percebi que o meu filho, com vinte anos, estava ouvindo músicas dos Mamonas Assassinas. Para quem não conheceu, foi uma banda brasileira de rock cômico que fazia um tipo de som que transitava entre os gêneros mais populares e os mais rebuscados, como o progressivo. O grupo existiu de julho de 1995 até março de 1996 (todos os integrantes morreram num acidente de avião) e seu sucesso foi meteórico e estrondoso com um único álbum de estúdio, Mamonas Assassinas, lançado em junho de 1995. 
Parei por um instante e começamos a conversar a respeito do que ele conheceu ainda muito criança.
Por sermos voltados para a música - ele está aprendendo a tocar bateria e eu um ex contrabaixista amador - entendemos um pouco do assunto. Então, percebemos o quanto o grupo, apesar da irreverência e comicidade de suas letras, possuia um instrumental arrojado, certo, bem arranjado, passeando com maestria pelos diversos estilos de sons, sempre com excelente qualidade.
Nos demos conta de que na esfuziança de sempre achar engraçado o que eles faziam não havíamos percebido a qualidade instrumental empregada. Analisamos separadamente cada instrumento e passamos a perceber o que até então estava camuflado.
É uma pena que tudo tenha terminado como terminou, mas como o que é bom nunca será esquecido, os Mamonas Assassinas, agora, mais ainda,  aqui em casa serão sempre lembrados e bem vindos.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Opinião: Jogo do Bicho - O que se quer dele?

Que o "jogo do bicho" é uma contravenção, ninguém discute. Que ele atua na "ilegalidade", todo mundo sabe. Que patrocina escolas de samba, não chega a ser nenhuma novidade! Não sou contra nem a favor do dito cujo, até porque nunca fiz uma aposta sequer em toda minha vida, mas me acho no direito de, enquanto cidadão, falar alguma coisa a respeito, principalmente após os últimos acontecimentos.
Para mim jogo é jogo, não importa se é com o aval do Governo Federal ou dos Governos Estaduais, se o cidadão foi lá e apostou, está valendo.
A diferença que existe entre eles é que enquanto Mega Sena, Loto, Quina e afins recolhem os respectivos impostos para que sejam utilizados em "objetivos sociais" o Jogo do Bicho transita pelo caminho da ilegalidade, uma vez que não se tem conhecimento do grau de transparência do resultado, do percentual destinado aos ganhadores e do valor apurado com as apostas.
Segundo Maria do Carmo Andrade (Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco)  "...o jogo do bicho foi criado pelo Barão João Batista Viana Drummond, carioca que viveu no final do século XIX, na cidade do Rio de Janeiro. O Barão de Drummond era um empresário de grande prestígio na Corte, participava de vários empreendimentos e investimentos e era acionista da Cia Ferro Carril Vila Isabel.
Vila Isabel foi o primeiro bairro planejado da cidade do Rio de Janeiro. No projeto de criação do bairro estava previsto a instalação de um parque e de um jardim zoológico, jardim esse que mais tarde seria o nascedouro do jogo do bicho.
 O então Comendador Drummond, conhecendo o projeto, solicitou, em 1884, permissão para instalar o jardim zoológico. Quatro anos depois, em julho de 1888, houve a inauguração oficial do empreendimento que tornou-se um sucesso. Nesse mesmo ano, Drummond recebeu do Imperador Pedro II o título de Barão.
 Em 1890, o Barão, executando a segunda parte do projeto, ampliou as instalações do zoológico e criou um parque com plantas exóticas. Todavia, a situação financeira do zoológico, que já era difícil mesmo com a ajuda financeira recebida pela municipalidade, piorou com a criação do parque.
 O orçamento já não era suficiente para cobrir as despesas com a alimentação dos animais e a manutenção do parque. O Barão tentou solucionar o problema cobrando ingressos dos visitantes, mas essa medida não foi bem aceita e provocou um efeito contrário: os frequentadores do jardim zoológico desapareceram.
 O Barão recorreu, mais uma vez, à Intendência Municipal, visando obter licença para explorar jogos públicos lícitos nas dependências do zoológico, com a finalidade de trazer de volta o público visitante. A licença foi permitida desde que não incluíssem os chamados jogos de azar, conforme estava previsto no Código Penal de 1890.
 O mexicano Ismael Zevada, auxiliar do Barão, com o intuito de colaborar para a solução do problema mencionou o “jogo das flores” que existia em sua terra e que poderia ser adaptado para os “bichos”. A ideia foi analisada e posta em prática: foram pintados 25 quadros, cada quadro com um bicho, numerados a partir de 1. Antes de abrir o zoológico, o Barão escolhia um quadro e colocava-o em uma caixa que ficava estrategicamente a sua entrada. Em cada ingresso havia a figura de um dos vinte e cinco bichos. Às 15:00, a caixa era aberta e aqueles que tivessem no ingresso o bicho sorteado, eram os ganhadores de um prêmio em dinheiro.
 O primeiro sorteio ocorreu num domingo, em 3 de julho de 1892. O bicho sorteado foi o avestruz. Nessa ocasião também foram disponibilizados para o público outros entretenimentos, porem o jogo do bicho foi o que obteve maior aceitação e mais repercussão na imprensa diária, mais do que a própria reinauguração do zoológico.
 Jornal do Brasil, Jornal do Commercio, O Paiz, Diário de Notícias, Gazeta de Notícias e O Tempo noticiaram os acontecimentos. Alguns confirmaram o grande número de visitantes inclusive autoridades, políticos e senhoras da alta sociedade carioca, outros informavam qual o animal sorteado, e foram criadas novas linhas de bondes especialmente para facilitar o acesso ao Zoológico.
 Logo o zoológico transformou-se em um lugar de lazer bastante concorrido. Duas semanas depois do primeiro sorteio, o valor do prêmio já havia quadruplicado. Os compradores dos bilhetes do bicho eram tantos que por mais de uma vez houve conflitos no local e o Barão foi obrigado a chamar a polícia para garantir a ordem.
 O zoológico foi transformado em lugar de jogatina, a situação virou um escândalo, o que desagradava às autoridades. O Barão não poderia imaginar que estava inaugurando um dos jogos mais populares e polêmicos do Rio de Janeiro e do Brasil.
 Diante dos conflitos, em 1895, o prefeito Werneck de Almeida publicou o Decreto 133, que proibia o sorteio dos bichos nas dependências do jardim zoológico. A essa altura os bilhetes do jogo do bicho passaram a ser vendidos na Rua do Ouvidor, que era então a mais movimentada do Rio de Janeiro e ficava bem distante dos portões do zoológico.
 Nessa época foram abertos os chamados bookmakers, casas de apostas que vendiam poules (pule) das mais diversas apostas, permitidas ou não, inclusive a do jogo do bicho, que passou a ter validade por quatro dias. Assim o apostador não precisava ir ao zoológico nem estar presente no momento do sorteio.
 Além dos bookmakers, o Barão espalhou pela cidade seus agentes para vender os bilhetes do bicho, sendo essa participação dos vendedores ambulantes  muito importante para o sucesso do jogo entre os apostadores. Para ser vendido nas ruas, o jogo do bicho passou por várias adaptações: a primeira foi vincular os bichos aos números, depois veio a divisão em grupos e dezenas.
 Em 1897, morre o Barão de Drummond, mas o jogo  continua. Em 1899, foi promulgada a Lei 628 que instituiu a pena de um a três meses de prisão para os acusados da prática do jogo do bicho.
 A imprensa teve sua contribuição na legitimação do jogo do bicho. Nas primeiras décadas do século XX, vários periódicos foram criados em função do jogo. Em 1903 começou a circular O Bicho, primeiro periódico dedicado ao jogo, mais tarde surgiram o Talismã e o Mascotte.
 Em 1915, o senador Érico Coelho apresentou um projeto de lei para legitimação do jogo do bicho, mas não foi aprovado. O poder público responsável pela Capital Federal, jamais conseguiu definir uma estratégia efetiva para combater os chamados “bicheiros” ou deixar claro por que algumas loterias eram permitidas e outras não.
 Em 1941 o jogo do bicho é incluído na lei de Contravenções Penais, com a cassação de todas as licenças concedidas para funcionamento de casas de jogo no Brasil, curiosamente, expandiu-se muito mais, acompanhando o crescimento de áreas periféricas.
 O bicheiro era conhecido pela honra à palavra empenhada, obtendo com isso a confiança e o respeito do apostador, que recebia ajuda pessoal e benfeitorias públicas em troca da sua lealdade.
 Dessa forma, o jogo do bicho, mesmo perseguido, passou a fazer parte do cotidiano, do folclore e da vida do povo brasileiro, já tendo sido motivo para muita discórdia e infelicidade; tristeza e alegria. Já foi tema para letra de música, roteiro de filmes, novela e enredo de escolas de samba. Foi também assunto para trabalhos acadêmicos, livros, artigos de revistas e muitas manchetes de jornais. A sua história já foi várias vezes sufocada, seguindo à margem da sociedade, mas continua sempre presente na cultura popular..."
Percebemos então que tudo teve um principio legal, legitimado pelas autoridades competentes da época de sua criação. Se a situação fugiu do controle governamental, a meu ver, deve-se menos a competência dos exploradores do jogo e mais a ineficiência dos governos que se sucederam até os dias de hoje.
Sinceramente, não consigo e nem quero acreditar que o Poder Público não tenha mecanismos para moralizar a situação. Acho até que existe uma cúmplice tolerância por parte das autoridades, pois no Rio de Janeiro não é preciso andar mais que 500 metros para se encontrar um escrevente do bicho. Hoje eles já trabalham até com Máquinas de Cartões, não é mais necessário ter dinheiro vivo para apostar e até o resultado se pega pela internet. Mas, se não estou enganado, para se obter uma máquina dessas tem que haver CPF ou CNPJ ativos e sem restrições. Portanto, algo não bate! É como diz o ditado "se o gato sumiu e a sardinha apareceu miando, tem alguma coisa errada ou alguém está me enganando".
O fato é que já vi inúmeras operações de caça as bruxas, principalmente às vésperas do carnaval, e nenhuma delas conseguiu impedir a jogatina.
Será que o caminho é realmente esse? Já foi demostrado que a repressão tende a aumentar ainda mais o interesse pelas apostas e não se ouve dizer que os banqueiros ficaram mais pobres por conta disso. Já passou da hora do poder público rever suas ações, usar menos a força e mais a inteligência, se é que existe a verdadeira vontade de moralizar a situação.




quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Livro: O Umbigo de Adão

O Umbigo de Adão
Nesta obra Martin Gardner apresenta uma visão altamente científica e técnica sobre determinados assuntos "místicos" e crendices populares que constantemente nos deparamos no cotidiano.
Ele recolhe uma gama de provas e opiniões sobre estes assuntos, e os apresenta aos seus leitores de forma clara embasadas por seu ponto de vista crítico e técnico.
Trata-se de mais um bom livro que procura demostrar aspectos da religiosidade que por vezes não nos damos conta, principalmente por estes já estarem arraigados em nossas vidas.
O fato que chama a atenção é que o autor, apesar de expor sua opinião de forma clara, nos apresenta situações que vão desde a criação do homem pelas mãos de Deus até a experiência de ser abduzido por um OVNI.
Não existe a pretensão de construir ou desconstruir nenhuma verdade ou inverdade. O que se busca é a demonstração para o leitor de pontos passíveis de discussão, se apreciados de um ponto de vista mais isento, se analisados por um ângulo mais lógico.
Assim, a leitura se torna agradável para os céticos e não céticos, basta que haja minimamente a vontade de se adquirir e agregar conhecimento sem necessariamente atingir esse ou aquele credo.


terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Crônica: Como Siri na Lata

Podem acreditar que faço a maior força para entender o que se passa na cabeça de algumas pessoas, mas é um exercício difícil.
Não que eu seja um exemplo de perfeição, muito pelo contrário, tenho defeitos a vazar pelo "ladrão", no entanto, procuro manter uma postura ética e moral que me proporcione a tranquilidade de saber que não estou tentando me beneficiar à custa dos outros.
Digo isso porque percebo que alguns semelhantes vivem encostados todo o tempo. Estão sempre a espera de que o outro faça por eles. Não procuram ajudar, criar, contribuir, inovar, mas, parecem aqueles répteis que ficam imóveis e não se movimentam nem para buscar seu próprio alimento.
Até aí passa, apesar de me provocar verdadeira ojeriza esse tipo de gente. O que não tolero em nenhuma hipótese é quando estes parasitas se acham no direito de invejar e torcer contra quem lutou para ter o que tem. Ao invés de tomar o exemplo para trabalhar e fazer jus à conquistar alguma coisa, ficam a espera de que tudo caia do céu e se possível quando estiverem sentados para não se cansar demais.
Quando nós falamos em desemprego e falta de oportunidades pensamos principalmente naqueles que tiveram pouca ou nenhuma chance de acesso a boa educação e consequentemente ao distanciamento de uma boa formação profissional. Acabamos nos sentindo culpados por não termos feito mais por eles do que poderíamos. Mas, infelizmente,  esta é uma verdade que merece todo tipo de contestação, pois, parte desses pobres coitados(as) acabam por se beneficiar dessa situação de ostracismo. Na realidade o que buscam é sombra e água fresca e não querem desperdiçar um pingo do seu preguiçoso suor para mudar sua condição, estão plenamente satisfeitos e confortáveis dentro dela. 
Posso estar sendo um tanto quanto raivoso, mas é que hoje meu nível de indignação está nas alturas. A falta de vontade de avançar, o conformismo com a mesmice e o convívio pacífico com a mediocridade por parte desses(as) ignóbeis me irrita profundamente.
O ditado nos lembra que o sol nasce para todos mas esses energúmenos se esquecem que porém, a sombra é só para alguns.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Filme: O Grande Mentecapto

Um quase imbecil ganha fama e se transforma em herói. Corre de cidade em cidade, entra para o exército, enlouquece! Ainda louco sai do hospício, esmaga flores pelo caminho, volta ao manicômio. Decide então promover uma rebelião reunindo todos os loucos que encontrava, bem como mendigos e prostitutas.
Em tempos de globalização nada melhor do que nos remetermos ao passado tupiniquim para irmos ao deleite com esse maravilhoso filme nacional, do ano de 1989, baseado no livro homônimo de Fernando sabino, que conta as aventuras e desventuras de Geraldo Viramundo, espécie de Don Quixote brasileiro que percorre Minas Gerais querendo transformar o mundo. 
Uma comédia  atemporal e inteligente que retrata um momento importante da nossa história enquanto povo.
Não bastasse a trilha sonora de Wagner Tiso, o elenco, dentre outros, é composto por Diogo Vilela, Luiz Fernando Guimarães, Osmar Prado, Jofre Soares, Regina Casé e Débora Bloch.
Sem contra-indicações.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Opinião: Deu a Louca no Samba

Sou um admirador  nato do carnaval. O estado de espírito que tal período representa, sem sombra de dúvidas é o mais democrático e verdadeiro possível (mesmo sabendo que tudo se acabará na quarta feira).
Opostamente as comemorações de Natal e Ano novo, onde as pessoas ficam imbuídas de um pseudo espírito confraternizador  - já falei sobre isso no post do dia 28/12/2011- o Carnaval é uma festa verdadeiramente democrática e todos tem acesso a folia, desde o mais abastado milionário até o mais réles dos foliões. Quem tem dinheiro e status se diverte e quem não tem, também.
Já passei o Carnaval em diversos Estados do Brasil! É Interessante perceber como em cada lugar a folia acontece de forma diferente, no entanto, o espírito festivo e descontraído é sempre o mesmo.
Em se tratando do Rio de Janeiro, onde, sem sombra de dúvidas, acontece a mais famosa folia do país, o Carnaval de rua foi organizadamente revitalizado nos últimos anos, o que agregou a cidade um encanto a mais, com as centenas de blocos que já começam a batucada pelo menos uma semana antes da data oficial.
Em se tratando do que segundo dizem ser o "maior espetáculo da terra", ou seja o desfile das escolas de samba, gosto de tudo que o envolve, desde quanto se começa a preparação ainda no ano anterior até a apuração do resultado. Procuro, por intermédio dos meus conhecidos ligados diretamente a festa o ano todo, me informar dos pormenores que ocorrem nos bastidores e que não chegam a ser de conhecimento geral.
Tenho o hábito de ficar comparando os desfiles atuais com os de anos anteriores e nessa comparação percebo frequentemente que algumas mudanças vem ocorrendo, umas de forma explícita, outras, nem tanto. O fato é que a cada ano novas transformações se apresentam, sejam elas provocadas ou não.
No domingo (15/01/2012) estava eu lendo na revista do O Globo a coluna do Xexéo na qual ele fala - pode parecer oportunismo mas não é - o que eu estava aguardando o momento do "esquenta", quando as pessoas começam a viver o clima festivo, para falar. Trata-se do inusitado tema escolhido pelo Grêmio Recreativo Escola de Samba Porto da Pedra para o desfile deste ano, o "iogurte", isso mesmo, um samba que fala daquela coisa feita de leite, dizem que azedo, que a gente compra no supermercado ou faz em casa.
Como amante e observador do samba de enredo, estou acostumado a me deparar com vários assuntos que servem de motivação para o mesmo, coisas diferentes, que vão desde a origem da vida até para onde vamos após a morte, passando por tudo que se encontra de uma forma ou de outra entre a água, a terra, o fogo e o ar, mas, podem acreditar, sobre o iogurte nunca sequer imaginei tal audácia. Se simplesmente me contassem que isso ocorreu eu certamente não acreditaria que tal alimento um dia foi cantado na maior festa do planeta.
podem me chamar de antiquado, erudito, metido a besta, mas prefiro aqueles temas mais educativos, históricos, atuais e  engraçados. Não gosto muito quando as escolas falam de coisas que se referem especificamente a um segmento, como por exemplo, tratar a respeito de uma cidade, uma região ou uma planta, mas valorizarei, e se o samba for bem trabalhado, darei os merecidos créditos.
Por essas e outras, compartilho totalmente com a crítica feita por Xexéo ao samba da Porto da pedra para o carnaval de 2012. Precisa realmente ser "gênio" para imaginar que um tema como esse possa produzir o efeito desejado, por melhor que seja a intenção.
Entendo até que cada vez mais os desfiles se tornam grandiosos e consequentemente caros, o que demanda sempre uma quantidade maior de recursos. Não sou contra isso, até acho que o patrocínio é fundamental para a sobrevivência dessas agremiações, no entanto, percebo que ocorreu um extremado exagero aliado a uma falta de sensibilidade desmedida, um desrespeito com os integrantes, com o público em geral e, principalmente, com o samba, ao se aceitar ser patrocinado para prestigiar algo que não vai agregar relativamente nada a cultura carnavalesca.
Posso queimar a língua, até torço para isso, mas ao que tudo indica a Porto da Pedra, sem ainda entrar na Marquês de Sapucaí, já é uma grande candidata a ser rebaixada para o próximo ano, pois, considero que independentemente do seu empenho e dedicação, dificilmente ela conseguirá justificar a péssima ideia, e terá uma missão árdua em convencer os jurados, como também o público, de que o iogurte além da condição de alimento "saudável" possua a relevância meritória de ser cantado em prosa e verso.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Livro: Religião para Ateus

'Religião para Ateus' parte da premissa de que, com ou sem fé, é possível encontrar aspectos úteis, interessantes e consoladores nas religiões. Examina as possibilidades de transferir algumas dessas ideias e práticas para a vida secular. Nesse livro, Alain de Botton defende que a sociedade tem muito a aprender com as religiões ao tratar de questões como vida em comunidade, moralidade, educação e arte.
Esta obra aborda um aspecto bastante curioso e muito pouco percebido em relação a religião, ou seja, demonstra como a igreja - principalmente a católica - conseguiu exercer um grandioso trabalho de marketing na medida em que transformou coisas simples e até certo ponto duvidosas, pois não há confirmação empírica, em dogmas inquestionáveis.
O autor faz um paralelo da religião como o mundo secular e nessa comparação demostra que se as empresas se utilizassem de sua marca, assim como a igreja, para valorizar e diversificar produtos, provavelmente elas seriam muito maiores do que são. Por exemplo, se a BMW adotasse esta estratégia hoje poderia ser mundialmente reconhecida não exclusivamente pela fabricação de automóveis de luxo mas poderíamos ter ternos, gravatas, camisas e outros produtos com seu nome, o que fatalmente aumentaria sua receita, pois atingiria não somente o consumidor automotivo mas o público em geral, que partiria do princípio de que seus produtos fariam jus a sua grandiosidade.
Alain de Botton parte sempre do enfoque de que temos muito a extrair das religiões, menos em relação aos aspectos que envolvem crença e devoção e mais sobre a construção de valores morais, culturais e afetivos, o que, segundo sua perspectiva, produziria um arranjo melhor da vida em sociedade.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Filme: Planeta dos Macacos - A Origem (2011 - EUA)

Planeta dos Macacos - A Origem - CartazSan Francisco. Will Rodman (James Franco) é um cientista que trabalha em um laboratório onde são realizadas experiências com macacos. Ele está interessado em descobrir novos medicamentos para a cura do mal de Alzheimer, já que seu pai, Charles (John Lithgow), sofre da doença. Após um dos macacos escapar e provocar vários estragos, sua pesquisa é cancelada. Will não desiste e leva para casa algumas amostras do medicamento, aplicando-as no próprio pai, e também um filhote de macaco de uma das cobaias do laboratório. Logo Charles não apenas se recupera como tem a memória melhorada, graças ao medicamento. Já o filhote, que recebe o nome de César, demonstra ter inteligência fora do comum, já que recebeu geneticamente os medicamentos aplicados na mãe. O trio leva uma vida tranquila, até que, anos mais tarde, o remédio deixa de funcionar em Charles que volta a perder a noção das coisas e, em uma tentativa de defendê-lo, César (o macaco) ataca um vizinho, sendo então recolhido para um criadouro, onde passa a ter contato com outros símios.
O filme é bastante interessante do ponto de vista científico, pois consegue misturar ficção e realismo numa medida em que nos possibilita vislumbrar o que na verdade já tomamos conhecimento a partir de outras coisas, ou seja, o que se buscava com as experiências feitas naqueles macacos era sim, além e muito além da descoberta de um novo medicamento, o lucro financeiro.
O desejo de ganhar (dinheiro)  acaba levando o homem a um estado de insensatez que pode interferir nos desígnios da humanidade. A "droga" que estava sendo produzida não teve sua eficácia testada com rigor nos seres humanos, e ao invés de ajudar no processo de cura, acabava matando-os. Em contrapartida ela desenvolveu uma capacidade cognitiva nos macacos muito além do normal, o que os tornou mais inteligentes que o homem.
Sugiro para as gerações mais novas que vejam o clássico lançado em 1968 que retrata um universo dominado pelos macacos no ano de 3978. ".....A Origem"  nada mais é do que a explicação do como e porque se deu esse domínio.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Opinião: O Haiti não é aqui!

Nada tenho de contra a dizer do povo haitiano. Penso até que pelo estado de miséria e sofridão em que vivem seus habitantes, existe uma alegria até certo ponto incompreensível estampada naqueles rostos sofridos, naqueles corpos desnutridos e naqueles dentes destratados.
Certamente não foi por escolha própria viverem e estarem desse jeito. Ex colônia francesa, apesar de ter sido o primeiro país das Américas, depois dos Estados Unidos, a declarar sua independência, sua autonomia de fato nunca aconteceu, pois continua sendo um dos países mais pobres do mundo.
Não bastassem as mazelas sociais o país ainda sofre com o desprestígio da natureza. Não há muito tempo, em 13 de janeiro de 2010, observamos um gigantesco terremoto em seu território, causado pelo movimento de placas tectônicas, de forma que seus encontros, provocaram um abalo de grande intensidade, sendo comprado por alguns especialistas ao impacto de 30 bombas nucleares.
Muitas pessoas perderam seus lares e ficaram feridas, mas infelizmente muitos outros não tiveram a mesma sorte, pagando com suas próprias vidas por tal acontecimento.
A ONU (organização das Nações Unidas) através de ajudas de muitos paises solidários - o Brasil lidera a Força de Paz - tenta restabelecer (ou implantar) a ordem no país, procurando conter a situação, onde pessoas nas ruas lutam por alimentos e lugares para que possam suprir a perda de seus lares.

No entanto, não podemos confundir bife de caçarolinha com rifle de caçar rolinha. A invasão haitiana que está acontecendo no Brasil, principalmente pelo município de Brasileia no Estado do Acre, ao meu ver é inaceitável. Entendo que qualquer pessoa tem o direito de buscar o melhor para si, seja onde for, mas tudo tem limites! Na verdade minha crítica é mais contra o que está fazendo, ou melhor, o que não deveria estar fazendo, o governo brasileiro.
Por mais que tenhamos conquistado o título de "sexta economia do planeta", isso de forma alguma significa dizer que deixamos de ser um país pobre. Ainda temos um nível de educação sofrível, um sistema de saúde completamente ineficiente, figuramos entre as nações mais corruptas do mundo onde a justiça só existe para uma minoria privilegiada, falta saneamento básico, infra-estrutura e outras coisas elementares à uma vida digna para nossa população.
Não sou a favor de se dar um tratamento repressivo aos haitianos que estão entrando ilegalmente no país, mas também sou contra ao governo distribuir indiscriminadamente "vistos de permanência com caráter humanitário". Ora, isso pode abrir um precedente com consequências desastrosas a médio prazo. Nossa relação com a pobreza já é grande o suficiente se considerarmos somente as condições de vida da maioria dos brasileiros. Se queremos ajudá-los, assim faremos, mas de modo a não piorar o que já é muito ruim. Se a coisa continuar no ritmo que se encontra, daqui a bem pouco tempo a população invasora será maior que os habitantes de Brasileia, isso sem considerar o fato de que pessoas de outros países com um nível de miséria semelhante venham a adotar a mesma prática, por achar que o Brasil é o novo eldorado do mundo.
Nós brasileiros somos receptivos por natureza, não nos negaremos a ajudar a quem tem menos, mas para que a situação não fuja do controle há de se estabelecer urgentemente uma postura ordeira. Cabe ao Governo Federal tomar medidas severas para conter essa invasão em massa, pois não podemos correr o risco de termos um Haiti a mais, os nossos já nos bastam.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Livro: Jesus Viveu na Índia

Mesmo para quem, assim como eu, acredita que contra a fé não há argumentos, vale a pena se debruçar sobre essa polêmica leitura. Ao contrário do que o título nos sugere, o livro tem uma abordagem muito mais científica do que religiosa, uma vez que trata dos fatos envolvendo a misteriosa vida de Cristo de uma perspectiva analítica.
Discorre, por exemplo, sobre a infância e a juventude de Jesus (período não relatado pela Bíblia), da sua vida enquanto pessoa comum, dos seus aprendizados budistas, do místico Santo Sudário como relíquia sagrada preconizada pela Igreja Católica e do fato da ressurreição.
O interessante é que Holger Kersten, um teólogo alemão, nos apresenta uma gama de contradições da "história oficial" não a partir do seu pensamento, mas principalmente pelo resultado que obteve com suas pesquisas.
Quando li o livro, parecia que estava vendo um bom filme, tal a concatenação e riqueza de detalhes apresentados.
Não cabe-me aqui opinar se este trabalho é ou não definitivo para o entendimento de um assunto tão complexo,  mas,  sem sombra de dúvidas é um dos mais coerentes.
Para quem tem sede de conhecimento, independentemente das convicções religiosas, considero a sua leitura simplesmente indispensável, pois, certamente, terá a oportunidade de se deparar com uma versão, sobre um assunto extremamente delicado, que até então não conseguiu, a meu ver, ser superada por nenhuma outra.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Crônica: Gente Esquisita

De repente a gente se pega pensando em coisas que não fazem nenhum sentido. O ser humano é assim! As vezes pensa demais naquilo que não vai lhe levar a lugar algum e, não raramente, nada pensa no que realmente importa.
Constantemente deparo-me com certas divagações esquisitas que depois eu mesmo me pergunto: Por que pensei nisso? A resposta é simples, não sei!
Somos os únicos animais racionais, pelo menos até agora,  da face da terra. No entanto, estamos longe de ser os mais objetivos. A nossa racionalidade nem sempre significa razão, arrisco até a dizer que quem é racional demais acaba se tornando idiota.
É enfadonho, por exemplo, quando você pergunta a uma pessoa para que serve uma "aspirina" e essa pessoa responde como se estivesse lendo a bula. Te explica desde a composição química ao mais improvável efeito colateral, quando na verdade o que se objetivava era apenas saber se o bendito remédio aliviaria a dor de cabeça que te aflige.
Muitas pessoas perdem oportunidades nas mais diversas situações porque não sabem maximizar seu tempo, inclusive quando se trata de expor  idéias. Não pretendo dizer que devamos economizar nas palavras, mas sim, termos mais objetividade e clareza para transmitir de maneira eficiente o que é realmente necessário.
Costumo dizer que o macaco quando está com fome, sobe na bananeira, retira a banana e come. Já o homem até para se alimentar complica, tem que cozinhar, assar, fritar, gratinar e outras coisas mais.
Como  disse no início, as vezes pensamos coisas esquisitas! Pois é, não sei porque, mas é exatamente o que me ocorreu quando escrevi esta crônica, meio desconexo, meio sem percepção. Mas tudo bem, nem tudo obrigatoriamente deve ter um sentido definido. Já imaginaram se tudo fosse lógico? Que chato!

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Opinião: Heavy (Metal) Nacional

Quem pensa que o rock pesado nacional é restrito a Sepultura e Angra, engana-se!
Existem bandas excelentes que por motivos diversos são restringidas a tocar em pequenos Pubs, os quais não possuem um trabalho de divulgação que lhes dê visibilidade.

As que tem mais sorte (e cacife), vão para o exterior e, não raramente, se dão bem!
Sugiro que os amantes do Heavy (em suas mais variadas derivações) dois dias de hoje, pois a galera do passado e que já pulou os 40, certamente sabe do que estou falando, procure conhecer o trabalho desses ícones que continuam na estrada.

Os caras se assemelham ao vinho. Quanto mais o tempo passa, melhores ficam.
Certamente quem ouvir vai gostar e perceber que, apesar de não aparecer, o Metal nacional continua vivo.
Dr.Sin"Dorsal Atlântica", "Azul Limão", "Made in Brazil" e "Dr Sin", são apenas alguns exemplos! Tem muito mais coisa boa  que, certamente, ao longo do tempo mencionarei.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Crônica: Salve a Malandragem!

Semana passada revi o filme "Mada Satã" (em sua 2ª versão), um dos primeiros e melhores trabalhos do Lázaro Ramos no cinema.
Não sei bem, mas já é a terceira ou quarta vez que o assisto desde a sua estréia em 2002.
O curioso é que cada vez que vejo me bate uma nostalgia exacerbada. Por mais inventivo que pareça, consigo identificar cada local daquele onde as cenas foram gravadas e estranhamente, me sinto como se fizesse parte daquela realidade.
Minha mulher vive dizendo que se eu tivesse nascido 20 anos antes, certamente eu seria  "malandro", pois boêmio já sou, apesar de ultimamente ter exercido pouco esse lado, e gosto de exaltar a malandragem.
Entretanto, quando me refiro ao malandro não estou discorrendo sobre o que a gente vê hoje por aí.
O verdadeiro malandro, e que eu gostaria de ser, é aquele tipo que chega bem em qualquer situação, anda alinhado, perfumado, exímio dançarino, joga capoeira e encanta as cabrochas com seu papo sedutor.
Essa malandragem, no entanto, está cada dia mais rara. Hoje o termo está muito próximo do que conhecemos como vagabundagem, e aquele que se diz, muitas vezes não não passa de mal caráter. Enquanto o malandro de outrora  ganhava a vida na sinuca, no carteado, na purrinha e nos dados, manuseando muito bem uma navalha e lutando (ou jogando capoeira), o sujeito de hoje, que se acha, vive de clonar cartões de crédito, vender drogas, falsificar produtos e praticar atos desonestos.
É claro que muitos vão dizer que os tempos são outros. E é verdade! Aquela malandragem quase nostálgica que marcou época, praticamente não existe mais. Vez ou outra, muito raramente, identifico um , sempre acima dos sessenta anos, que ainda mantém alguma característica verdadeira.
Recentemente quando estive em Salvador tive a oportunidade de encontrar uma figura lendária, bem no "Terreiro de Jesus" que fica na saída do "Pelourinho", que me encantou com seu jeito no pouco tempo em que conversamos.
Tem uma roda de samba que acontece na Lapa, Rio de Janeiro, na calçada do Teatro Dulcina, sem previsão de data (simplesmente acontece), onde posso encontrar alguns deles.
Me chamem de saudosista, sem problemas! O fato é que jamais negarei minha admiração pelo verdadeiro malandro, e sabem o que é melhor, acho até que até herdei alguma coisa do estilo.