sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Crônica: Um Rio de Lágrimas! II.

Quando passei hoje pela manhã em frente a Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, onde foi montada uma base para atendimento aos parentes das vitimas da tragédia da Avenida Treze de maio, percebi que muitos, pelo semblante, passaram a noite em claro, na esperança de alguma notícia alentadora, por mais improvável que isso seja, uma vez que quanto mais o tempo passa, menor se torna a possibilidade de haver sobreviventes.
Aliada a esta situação de desconsolo, desespero e tristeza, percebi que desde o ocorrido, o número de pessoas que se concentram na Praça da Cinelândia aumenta a cada dia. Posso estar enganado mas não me parecem pessoas preocupadas em prestar solidariedade. Parece-me que estão ali por conta do espetáculo.
Maquiavel, pensador Italiano do século XV, dizia que todos os homens tem uma índole má por essência. Particularmente discordo, mas não há como negar que as pessoas quando não são atingidas, tendem a desconsiderar o sofrimento alheio, se atendo somente ao fato, sem levar em conta que aqueles sofredores são gente como a gente. 
Para reforçar minha tese, tomei hoje o elevador com uma jovem que falou da sua frequente ida ao prédio de 20 andares (que desabou) justamente no horário em que ocorreu o desabamento. Contava aos risos que teve muita sorte de não ter ido lá na quarta feira.
Fiquei extremamente surpreso com a alegria que ela demonstrava, não por ter se livrado de ser uma das vítimas, o que vale realmente comemorar, mas principalmente pelo jeito eufórico com que falava, parecia estar tendo um orgasmo de tanta felicidade. 
Desconsiderei a esfuziança demonstrada e preferi ficar com a opinião de que ela estava meio que sem noção da sua performance, pois, as outras pessoas que também estavam no elevador ficaram indiferentes aos comentários, preferiram o silêncio. 
Talvez esta pobre moça, até por consequência da pouca idade, não conheça um ditado muito sábio que nos ensina que nem sempre estar alegre significa alegria e as vezes rir de tudo também pode ser sinal de
desespero.

Nenhum comentário:

Postar um comentário