segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Crônica: Salve a Malandragem!

Semana passada revi o filme "Mada Satã" (em sua 2ª versão), um dos primeiros e melhores trabalhos do Lázaro Ramos no cinema.
Não sei bem, mas já é a terceira ou quarta vez que o assisto desde a sua estréia em 2002.
O curioso é que cada vez que vejo me bate uma nostalgia exacerbada. Por mais inventivo que pareça, consigo identificar cada local daquele onde as cenas foram gravadas e estranhamente, me sinto como se fizesse parte daquela realidade.
Minha mulher vive dizendo que se eu tivesse nascido 20 anos antes, certamente eu seria  "malandro", pois boêmio já sou, apesar de ultimamente ter exercido pouco esse lado, e gosto de exaltar a malandragem.
Entretanto, quando me refiro ao malandro não estou discorrendo sobre o que a gente vê hoje por aí.
O verdadeiro malandro, e que eu gostaria de ser, é aquele tipo que chega bem em qualquer situação, anda alinhado, perfumado, exímio dançarino, joga capoeira e encanta as cabrochas com seu papo sedutor.
Essa malandragem, no entanto, está cada dia mais rara. Hoje o termo está muito próximo do que conhecemos como vagabundagem, e aquele que se diz, muitas vezes não não passa de mal caráter. Enquanto o malandro de outrora  ganhava a vida na sinuca, no carteado, na purrinha e nos dados, manuseando muito bem uma navalha e lutando (ou jogando capoeira), o sujeito de hoje, que se acha, vive de clonar cartões de crédito, vender drogas, falsificar produtos e praticar atos desonestos.
É claro que muitos vão dizer que os tempos são outros. E é verdade! Aquela malandragem quase nostálgica que marcou época, praticamente não existe mais. Vez ou outra, muito raramente, identifico um , sempre acima dos sessenta anos, que ainda mantém alguma característica verdadeira.
Recentemente quando estive em Salvador tive a oportunidade de encontrar uma figura lendária, bem no "Terreiro de Jesus" que fica na saída do "Pelourinho", que me encantou com seu jeito no pouco tempo em que conversamos.
Tem uma roda de samba que acontece na Lapa, Rio de Janeiro, na calçada do Teatro Dulcina, sem previsão de data (simplesmente acontece), onde posso encontrar alguns deles.
Me chamem de saudosista, sem problemas! O fato é que jamais negarei minha admiração pelo verdadeiro malandro, e sabem o que é melhor, acho até que até herdei alguma coisa do estilo.

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